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CAPÍTULO DOIS

Riley sentou-se na cadeira mais próxima, sua mente cambaleando enquanto as palavras da mulher ecoavam na sua cabeça.

"Eu matei o filho da mãe."

Morgan realmente disse isso?

Então Morgan perguntou, "Agente Paige, ainda está aí?"

"Ainda estou aqui" Disse Riley. "Conte-me o que aconteceu."

Morgan ainda soava estranhamente calma.

“O problema é que não tenho a certeza. Tenho andado bastante dopada ultimamente e eu não lembro das coisas que faço. Mas eu matei ele. Estou olhando para o corpo dele deitado na cama e tem ferimentos de faca, e sangrou muito. Parece que o matei com uma faca de cozinha afiada. A faca está ao lado dele.”

Riley se esforçou para entender o que estava ouvindo.

Ela se lembrava de como Morgan parecera doentiamente magra. Riley tinha certeza de que ela era anoréxica. Riley sabia melhor do que ninguém como era difícil esfaquear uma pessoa até a morte. Morgan seria fisicamente capaz de fazer uma coisa dessas?

Ouviu Morgan suspirar.

“Peço desculpa por incomodar, mas sinceramente não sei o que fazer a seguir. Será que me poderia ajudar?"

“Você contou a mais alguém? Chamou a polícia?”

"Não."

Riley gaguejou, "Eu vou … eu vou tratar disso."

"Oh, muito obrigada."

Riley estava prestes a dizer a Morgan para ficar em linha enquanto ela fazia uma outra chamada a partir de seu celular. Mas Morgan desligou.

Riley ficou olhando para o espaço por um momento. Ouviu Jilly perguntar, "Mamãe, tem alguma coisa errada?"

Riley olhou e viu que Jilly parecia profundamente preocupada.

Disse, "Nada para se preocupar, querida."

Então ela pegou o celular e ligou para a polícia em Atlanta.

*

O policial Jared Ruhl sentia-se entediado e inquieto no banco do passageiro ao lado do sargento Dylan Petrie. Era noite e eles estavam patrulhando um dos bairros mais ricos de Atlanta – uma área onde raramente havia atividade criminosa. Ruhl era novo na polícia e estava ansioso por um pouco de ação.

Ruhl tinha todo o respeito do mundo por seu parceiro e mentor afro-americano. O sargento Petrie estava na polícia há vinte anos ou mais, e era um dos policiais mais experientes da região.

Então, por que estamos nesse ritmo? Ruhl se perguntou.

Como se em resposta à sua pergunta não verbalizada, uma voz feminina insinuou-se no rádio…

"Quatro-Frank-Treze, ouve-me?"

Os sentidos de Ruhl se aguçaram ao ouvir a identificação de seu próprio veículo.

Petrie respondeu, "Ouvimos, fale."

A operadora hesitou, como se não acreditasse no que estava prestes a dizer.

Então disse, “Temos um possível um-oitenta-sete na casa dos Farrell. Vão para a cena.”

A boca de Ruhl se abriu e ele viu os olhos de Petrie se arregalarem de surpresa. Ruhl sabia que 187 era o código para um homicídio.

Na casa de Andrew Farrell? Ruhl se perguntou.

Não podia acreditar no que ouvia e Petrie parecia também surpreendido.

"Repita" Disse Petrie.

“Um possível 187 na casa dos Farrell. Podem ir lá?”

Ruhl viu Petrie piscar os olhos com perplexidade.

"Sim" Disse Petrie. "Quem é o suspeito?"

A operadora hesitou novamente, depois disse, “A senhora Farrell.”

Petrie ofegou em voz alta e meneou a cabeça.

"Uh … isso é uma piada?" Perguntou.

"Não é brincadeira."

"Quem é o meu RP?" Petrie perguntou.

O que isso significa? Ruhl perguntou a si mesmo.

Ah sim…

Isso significava, "Quem denunciou o crime?"

A operadora respondeu, “Um agente da UAC ligou de Phoenix, Arizona. Eu sei o quão estranho isso soa, mas…”

A operadora ficou em silêncio.

Petrie disse, "Código Três resposta?"

Ruhl sabia que Petrie estava perguntando se usaria luzes intermitentes e uma sirene.

A operadora perguntou, "A que distância estão do local?"

"Menos de um minuto" Disse Petrie.

“Então é melhor não dar nas vistas. Isso tudo é…”

Sua voz se apagou novamente. Ruhl adivinhou que estava preocupada em não chamarem muita atenção. O melhor era manter a mídia de fora o máximo de tempo possível em relação ao que estivesse realmente acontecendo nesse bairro luxuoso e privilegiado.

Finalmente, a operadora disse, "Verifiquem, ok?"

“Certo,” Disse Petrie. "Estamos a caminho."

Petrie carregou no acelerador e percorreram a rua tranquila.

Ruhl olhou espantado ao se aproximarem da mansão Farrell. Nunca tinha estado tão próximo do locale. A casa era enorme e parecia-lhe mais um country club do que a casa de alguém. O exterior estava cuidadosamente iluminado – para proteção, sem dúvida, mas também para mostrar seus arcos e colunas e grandes janelas.

Petrie estacionou o carro em frente da casa e desligou o motor. Ele e Ruhl saíram e foram para a imensa entrada da frente. Petrie tocou a campainha.

Depois de alguns momentos, um homem alto e magro abriu a porta. Ruhl deduziu pelo smoking que vestia e pela sua expressão austera que era o mordomo da família.

Pareceu surpreso ao ver os dois policiais – e nem um pouco satisfeito.

"Posso perguntar sobre o que é tudo isso?" Perguntou.

O mordomo não parecia ter nenhuma ideia de que poderia haver problemas dentro daquela mansão.

Petrie olhou para Ruhl, que percebeu o que seu mentor estava pensando…

Apenas um falso alarme.

Provavelmente uma brincadeira.

Petrie disse ao mordomo, "Podemos falar com o Sr. Farrell, por favor?"

O mordomo sorriu de maneira arrogante.

"Receio que isso seja impossível" Disse ele. "O patrão está dormindo e eu tenho ordens muito rigorosas…"

Petrie interrompeu, "Temos motivos para nos preocupar com sua segurança".

As sobrancelhas do mordomo se ergueram.

“De verdade?” Disse. "Já que insistem, vou ver se está bem. Vou tentar não acordá-lo. Garanto-lhe que reclamaria de forma bastante vociferante.”

Petrie não pediu permissão para ele e Ruhl seguirem o mordomo até a casa. O lugar era vasto por dentro, com fileiras de colunas de mármore que conduziam a uma escada de carpetes vermelhos com corrimões curvos e elegantes. Ruhl achava cada vez mais difícil acreditar que alguém pudesse morar ali. Parecia mais um set de filmagem.

Ruhl e Petrie seguiram o mordomo pelas escadas e atravessaram um corredor largo até um par de portas duplas.

"A suíte principal" Disse o mordomo. "Espere aqui um momento."

O mordomo transpôs as portas.

Então o ouviram soltar um grito de horror no interior.

Ruhl e Petrie abriram as portas até uma sala de estar e de lá para um enorme quarto.

O mordomo já tinha acendido as luzes. Os olhos de Ruhl quase doeram por um momento do brilho da enorme sala. Então seus olhos viram uma cama coberta de dossel. Como tudo o mais na casa, também era enorme, como algo saído de um filme. Mas, por maior que fosse, era diminuída pelo tamanho do resto do quarto.

Tudo no quarto principal era dourado e branco – exceto o sangue espalhado na cama.

CAPÍTULO TRÊS

O mordomo estava encostado na parede, olhando com uma expressão vítrea. O próprio Ruhl sentiu como se o ar tivesse sido arrancado de seus pulmões.

Ali estava o homem deitado na cama – o rico e famoso Andrew Farrell, morto e coberto de sangue. Ruhl o reconheceu de vê-lo na TV muitas vezes.

Ruhl nunca tinha visto um cadáver assassinado antes. Ele nunca esperou que a visão parecesse tão estranha e irreal.

O que tornou a cena especialmente bizarra foi a mulher sentada em uma cadeira estofada ao lado da cama. Ruhl a reconheceu também. Era Morgan Farrell – anteriormente Morgan Chartier, uma famosa modelo agora aposentada. O homem morto havia transformado o casamento em um evento de mídia e gostava de desfilar em público.

Ela estava usando um vestido fino e de aparência cara, manchado de sangue. Ficou ali imóvel, segurando uma grande faca. Sua lâmina estava ensanguentada e sua mão também.

"Merda" Murmurou Petrie com uma voz atordoada.

Então Petrie falou em seu microfone.

“Operadora, aqui é quatro-Frank-treze ligando da casa dos Farrell. Nós temos aqui um um-oitenta-sete. Envie três unidades, incluindo uma unidade de homicídio. Contate também o médico legista. É melhor dizer ao chefe Stiles para vir até aqui também.

Petrie ouviu a operadora no fone, depois pareceu pensar por um momento.

"Não, não faça disso um Código Três. Precisamos manter isso em silêncio o máximo de tempo possível.”

Durante essa troca, Ruhl não conseguia tirar os olhos da mulher. Ele a achava linda quando a vira na TV. Estranhamente, continuava lhe parecendo bonita naquele momento. Mesmo segurando uma faca ensanguentada na mão, ela parecia tão delicada e frágil quanto uma estatueta de porcelana.

Ela também estava imóvel como se fosse feita de porcelana – tão imóvel quanto o cadáver e, aparentemente, inconsciente de que alguém tinha entrado no quarto. Mesmo seus olhos não se moviam enquanto continuava olhando para a faca em sua mão.

Quando Ruhl seguiu Petrie em direção à mulher, ocorreu-lhe que a cena não mais o lembrava de um set de filmagem.

É mais como uma exposição em um museu de cera, Pensou.

Petrie gentilmente tocou a mulher no ombro e disse, “Sra. Farrell…”

A mulher não pareceu nem um pouco assustada quando olhou para ele.

Sorriu e disse, “Oh, olá. Eu me perguntava quando a polícia iria chegar.”

Petrie colocou um par de luvas de plástico. Ruhl fez o mesmo. Então Petrie, delicadamente, pegou a faca da mão da mulher e entregou a Ruhl que cuidadosamente empacotou a arma.

Enquanto faziam isso, Petrie disse à mulher, "Por favor, me diga o que aconteceu aqui".

A mulher soltou uma risada bastante musical.

“Bem, essa é uma pergunta boba. Eu matei o Andrew. Isso não é óbvio?”

Petrie se virou para olhar para Ruhl, como se perguntasse…

É óbvio?

Por um lado, não parecia haver qualquer outra explicação para essa cena bizarra. Por outro lado…

Ela parece tão fraca e indefesa, Pensou Ruhl.

Nem conseguia imaginá-la fazendo uma coisa dessas.

Petrie disse a Ruhl, “Vá falar com o mordomo. Descubra o que ele sabe.”

Enquanto Petrie examinava o corpo, Ruhl foi até o mordomo, que ainda estava agachado contra a parede.

Ruhl disse-lhe, "Senhor, você poderia me dizer o que aconteceu aqui?"

O mordomo abriu a boca, mas nenhuma palavra saiu.

"Senhor" Repetiu Ruhl.

O mordomo apertou os olhos como se estivesse em profunda confusão. Disse: "Eu não sei. Você chegou e…”

Ficou em silêncio novamente.

Ruhl se perguntou…

Ele realmente não sabe de nada?

Talvez o mordomo estivesse fingindo seu choque e perplexidade.

Talvez ele fosse realmente o assassino.

A possibilidade lembrou Ruhl do velho clichê…

"O mordomo é o culpado."

A ideia podia até ser engraçada em diferentes circunstâncias.

Mas certamente não naquele momento.

Ruhl pensou rápido, tentando decidir que perguntas fazer ao homem.

Ele disse, "Tem mais alguém na casa?"

O mordomo respondeu com uma voz monótona, “Apenas as criadas internas. Seis ao todo, além de mim, três homens e três mulheres. Certamente você não acha…?”

Ruhl não sabia o que pensar, pelo menos não ainda.

Perguntou ao mordomo, “É possível que mais alguém esteja na casa em algum lugar? Um intruso, talvez?”

O mordomo abanou a cabeça.

"Não vejo como" Disse ele. "Nosso sistema de segurança é dos melhores."

Isso não é um não, Pensou Ruhl. De repente, ele se sentiu bastante alarmado.

Se o assassino era um intruso, ainda poderia estar em algum lugar da casa?

Ou poderia estar escapando naquele exato momento?

Então Ruhl ouviu Petrie falando no microfone, dando instruções a alguém sobre como encontrar o quarto na enorme mansão.

Poucos segundos depois, o quarto estava cheio de policiais. Entre eles estava o chefe Elmo Stiles, um homem volumoso e imponente. Ruhl também ficou surpreso ao ver o Procurador Distrital, Seth Musil.

O normalmente suave e polido PD parecia desalinhado e desorientado, como se tivesse acabado de sair da cama. Ruhl imaginou que o chefe havia entrado em contato com o Procurador, assim que ouvira as notícias, depois pegara-o e trouxera-o até ali.

O Procurador arquejou de horror pelo que viu e correu em direção à mulher.

"Morgan!" Disse.

"Olá, Seth" Disse a mulher, como se agradavelmente surpresa por sua chegada. Ruhl não ficou especialmente surpreso por Morgan Farrell e um político de alto escalão como o PD se conhecerem. A mulher ainda não parecia estar ciente de muita coisa que estava acontecendo ao seu redor.

Sorrindo, a mulher disse a Musil, “Bem, suponho que é óbvio o que aconteceu. E tenho certeza que você não está surpreso que…”

Musil interrompeu apressadamente.

“Não, Morgan. Não diga nada. Ainda não. Não até estarmos na presença de um advogado.”

O sargento Petrie já estava organizando as pessoas no quarto.

Disse ao mordomo, "Indique-lhes a disposição da casa, cada canto e recanto".

Então disse aos policiais, “Quero que procurem algum intruso ou qualquer sinal de invasão. E falem com a equipa de criados, certifiquem-se de que têm álibis para as últimas horas.”

Os policiais se reuniram em volta do mordomo que agora estava de pé. O mordomo lhes deu instruções e os policiais saíram do quarto. Sem saber mais o que fazer, Ruhl ficou ao lado do sargento Petrie, olhando para a cena horrenda. O Procurador agora estava de pé como que protegendo a mulher sorridente e salpicada de sangue.

Ruhl ainda estava lutando para aceitar o que estava vendo. Lembrou a si mesmo que esse era seu primeiro homicídio. Se perguntou…

Alguma vez estarei envolvido em um tão estranho quanto esse?

Também esperava que os policiais que procuravam na casa não retornassem de mãos vazias. Talvez eles voltassem com o verdadeiro culpado. Ruhl não suportava a idéia de que essa mulher delicada e adorável fosse realmente capaz de matar.

Longos minutos se passaram antes que os policiais e o mordomo retornassem.

Disseram que não tinham encontrado nenhum intruso ou qualquer sinal de que alguém invadira a casa. Encontraram o pessoal que estava no local dormindo em suas camas e não tinham motivos para pensar que algum deles fosse responsável.

O médico legista e sua equipe chegaram e começaram a tratar do corpo. O enorme quarto estava muito cheio agora. Finalmente, a mulher manchada de sangue parecia estar ciente da agitação em seu redor.

Ela se levantou da cadeira e disse ao mordomo, “Maurice, onde estão suas maneiras? Pergunte a essas pessoas boas se gostariam de comer ou beber alguma coisa.”

Petrie caminhou em direção a ela, pegando suas algemas.

Ele lhe disse, "Isso é muito gentil da sua parte, mas não será necessário."

Então, num tom extremamente educado e atencioso, começou a ler os direitos de Morgan Farrell.

CAPÍTULO QUATRO

Riley não pôde deixar de se preocupar enquanto a sessão do tribunal se desenrolava.

Até ao momento, tudo parecia estar a correr bem. A própria Riley tinha testemunhado sobre o lar que estava a criar para Jilly, e Bonnie e Arnold Flaxman tinham testemunhado sobre a necessidade absoluta de Jilly ter uma família estável.

Mesmo assim, Riley sentiu-se desconfortável com o pai de Jilly, Albert Scarlatti.

Nunca tinha visto o homem antes daquele dia. A julgar pelo que Jilly lhe contara sobre ele, imaginara um ogre grotesco.

Mas a sua aparência real a surpreendeu.

Seu outrora cabelo preto estava fortemente manchado de cinza e suas feições escuras estavam, como ela esperava, devastadas por anos de alcoolismo. Mesmo assim, parecia perfeitamente sóbrio naquele momento. Estava bem vestido, mas não de forma dispendiosa, e era gentil e agradável com todos com quem conversava.

Riley também se perguntou sobre a mulher sentada ao lado de Scarlatti segurando a sua mão. Também parecia ter vivido uma vida difícil. De outra forma, sua expressão era difícil para Riley decifrar.

Quem é ela? Riley se perguntou.

Tudo o que Riley sabia sobre a esposa de Scarlatti e a mãe de Jilly era que tinha desaparecido há muitos anos atrás. Scarlatti costumava dizer a Jilly que provavelmente morrera.

Não poderia ser ela depois de todos esses anos. Jilly não mostrara nenhum sinal de conhecer essa mulher. Então quem era ela?

Agora era hora de Jilly falar.

Riley apertou a mão de Jilly tranquilizadoramente e a jovem adolescente se preparou para testemunhar.

Jilly parecia pequena na grande cadeira de testemunhas. Seus olhos percorreram nervosamente o tribunal, olhando para o juiz, depois estabelecendo contato visual com o pai.

O homem sorriu com o que parecia ser uma sincera afeição, mas Jilly rapidamente desviou o olhar.

O advogado de Riley, Delbert Kaul, perguntou a Jilly como ela se sentia a respeito da adoção.

Riley podia ver todo o corpo de Jilly tremer de emoção.

"É o que eu mais quero na vida" Disse Jilly com uma voz instável. "Eu tenho sido tão, tão feliz vivendo com a minha mamãe…"

"Você quer dizer com a senhora Paige" Kaul disse, gentilmente interrompendo.

"Bem, ela é minha mamãe agora e é como eu a chamo. E a filha dela, April, é minha irmã mais velha. Até começar a viver com elas, não fazia ideia do que seria – ter uma família de verdade para me amar e cuidar de mim.”

Jilly parecia estar contendo as lágrimas heroicamente.

Riley não tinha a certeza de que seria capaz de fazer o mesmo.

Então Kaul perguntou, "Você pode contar ao juiz um pouco sobre como era viver com seu pai?"

Jilly olhou para o pai.

Então olhou para o juiz e disse, "Foi horrível".

Disse ao tribunal o que dissera a Riley no dia anterior – como seu pai a trancara em um armário durante dias. Riley estremeceu quando ouviu a história mais uma vez. A maioria das pessoas no tribunal parecia profundamente afetada com aquele relato. Até o pai de Jilly baixou a cabeça.

Quando terminou, Jilly estava lavadae em lágrimas.

“Até minha nova mãe entrar na minha vida, todos que eu amava acabaram por me deixar. Não suportavam viver com o pai porque ele era tão ruim para eles. Minha mãe, meu irmão mais velho – até meu cachorrinho, Darby, fugiu.

A garganta de Riley se contraiu. Ela se lembrou de Jilly chorando quando falara do cachorrimho que tinha perdido há muitos meses atrás. Jilly ainda se preocupava com o que tinha acontecido com Darby.

"Por favor" Disse ela ao juiz. "Por favor, não me envie de volta para isso. Estou muito feliz com minha nova família. Não me leve para longe deles.”

Jilly então sentou-se novamente ao lado de Riley.

Riley apertou a mão dela e sussurrou, “Você esteve muito bem. Estou orgulhosa de você."

Jilly assentiu e enxugou as lágrimas.

Em seguida, o advogado de Riley, Delbert Kaul, apresentou ao juiz todos os documentos necessários para finalizar a adoção. Ele estava enfatizando especialmente o formulário de consentimento assinado pelo pai de Jilly.

Tanto quanto Riley poderia dizer, Kaul estava fazendo um trabalho razoavelmente completo com a apresentação. Mas sua voz e seus modos eram pouco inspiradores, e o juiz, um homem robusto e carrancudo, com olhos pequenos e redondos, não parecia nada impressionado.

Por um momento, a mente de Riley voltou ao telefonema bizarro que recebera no dia anterior de Morgan Farrell. Claro que Riley entrou em contato com a polícia em Atlanta imediatamente. Se o que a mulher dissera fosse verdade, então certamente ela já estaria sob custódia. Riley não pôde deixar de imaginar o que realmente acontecera.

Seria realmente possível que a frágil mulher que conhecera em Atlanta tivesse cometido um homicídio?

Não é hora de pensar em tudo isso, lembrou a si mesma.

Quando Kaul terminou sua apresentação, o advogado de Scarlatti se levantou.

Jolene Paget era uma mulher de trinta e poucos anos, cujos lábios pareciam ter um leve mas constante sorriso.

Ela disse ao advogado, "Meu cliente deseja contestar essa adoção".

O juiz assentiu e rosnou, “Eu sei que sim senhora Paget. É melhor que seu cliente tenha um bom motivo para querer mudar sua própria decisão.”

Riley imediatamente percebeu que, ao contrário de seu próprio advogado, Paget não precisava de notas. Também ao contrário de Kaul, sua voz e comportamento exalavam autoconfiança.

Ela disse, “Sr. Scarlatti tem uma boa razão, Meritíssimo. Ele deu seu consentimento sob coação. Ele estava passando por um momento especialmente difícil e não tinha um emprego. E sim, ele estava bebendo naquela época. E estava deprimido.”

Paget acenou com a cabeça na direção de Brenda Fitch, que também estava sentada no tribunal, e acrescentou, “Ele foi vítima fácil da pressão do pessoal dos serviços sociais, especialmente dessa mulher. Brenda Fitch ameaçou acusá-lo de crimes e delitos inteiramente inventados.”

Brenda soltou um suspiro de indignação. Disse a Paget, "Isso não é verdade e você sabe disso."

O sorriso de Paget se alargou quando disse, "Meritíssimo, poderia impedir a senhora Fitch de interromper?"

"Por favor, silêncio, senhora Fitch" Disse o juiz.

Paget acrescentou, "Meu cliente também deseja acusar a senhora Paige de sequestro – com a Sra. Fitch como cúmplice".

Brenda soltou um gemido audível de desgosto, mas Riley se forçou a ficar quieta. Ela sabia que Paget iria seguir esse caminho.

O juiz disse, “Senhora Paget, não apresentou quaiquer provas de sequestro. Quanto às ameaças e coação que mencionou, não ofereceu nenhuma prova ou evidência de sua concretização. Não disse nada que me convencesse de que o consentimento inicial do seu cliente não deveria permanecer."

Então Albert Scarlatti levantou-se.

"Posso dizer algumas palavras em meu nome, Meritíssimo?" Implorou.

Quando o juiz assentiu, Riley ficou preocupada.

Scarlatti baixou a cabeça e falou em voz baixa e calma.

“O que Jilly lhe contou agora sobre o que eu fiz com ela… sei que parece horrível. E Jilly, sinto muito por isso. Mas a verdade é que não é exatamente assim que aconteceu.”

Riley teve que se impedir para não o interromper. Ela tinha certeza de que Jilly não mentira.

Albert Scarlatti riu um pouco tristemente. Um sorriso caloroso se espalhou por suas feições desgastadas.

“Jilly, com certeza você vai admitir que tem sido difícil de criar. Você pode ser um desafio, filhinha. Você tem um temperamento especial e às vezes fica completamente fora de controle, e eu não sabia o que fazer naquele dia. Do jeito que eu me lembro, eu estava simplesmente desesperado quando te coloquei naquele armário.”

Encolheu os ombros e continuou, “Mas não foi como você disse. Eu nunca teria feito você passar por algo assim por dias. Nem mesmo por algumas horas. Eu não estou dizendo que você não está sendo verdadeira, apenas que sua imaginação às vezes leva a melhor. E eu entendo isso.”

Então Scarlatti voltou sua atenção para os outros no tribunal.

Ele disse, “Muita coisa aconteceu desde que perdi minha pequena Jilly. Estive em reabilitação e frequento regularmente os AA, e não bebo há meses. Espero nunca mais beber para o resto da minha vida. E tenho um trabalho estável – nada realmente impressionante, apenas trabalho de zeladoria, mas é um bom trabalho, e posso lhe dar uma referência do meu patrão em como me estou saindo muito bem.”

Então ele tocou no ombro da misteriosa mulher que estava sentado a seu lado.

“Mas houve outra grande mudança na minha vida. Eu conheci Barbara Long, a mulher mais maravilhosa do mundo, e ela é a melhor coisa que já me aconteceu. Estamos noivos e vamos casar no final deste mês.”

A mulher sorriu para ele com olhos brilhantes.

Scarlatti falou diretamente para Jilly naquele momento.

“Isso mesmo, Jilly. Não há mais famílias monoparentais. Você vai ter um pai e uma mãe – uma mãe de verdade depois de todos esses anos.”

Riley sentiu como se uma faca tivesse sido cravada em seu peito.

Jilly acabou de dizer que sou a mãe dela de verdade, Pensou. Mas o que poderia dizer sobre essa falha monoparental? Estava divorciada de Ryan antes mesmo de encontrar Jilly.

Scarlatti então dirigiu sua atenção para Brenda Fitch.

Disse, “Senhora Fitch, minha advogada acabou de dizer algumas coisas bem difíceis sobre você. Eu só quero que saiba que eu não guardo ressentimentos. Você tem feito o seu trabalho e eu sei disso. Eu só quero que saiba o quanto eu mudei.”

Então olhou Riley diretamente nos olhos.

"Senhora Paige, eu não guardo ressentimentos contra você também. De fato, sou grato por tudo que fez para cuidar de Jilly enquanto eu estava tentando me recuperar. Eu sei que não deve ter sido fácil para você, sendo solteira e tudo. E com uma adolescente sua para cuidar.”

Riley abriu a boca para protestar, mas Albert continuou falando calorosamente. "Eu sei que você se importa com ela, e não precisa se preocupar. Eu serei um bom pai para Jilly a partir de agora. E eu quero que continue fazendo parte da vida de Jilly.”

Riley ficou chocada. Agora percebia por que sua advogada ameaçara acusá-la de sequestro.

É um clássico bom policial, policial ruim.

Jolene Paget se apresentara como uma advogada preparada para fazer qualquer coisa para ganhar seu caso. Limpou o caminho para Scarlatti ser o cara mais legal do mundo.

E ele fora muito convincente. Riley não pôde deixar de se perguntar…

Será que ele afinal é realmente um cara legal?

Estaria a passar realmente por um mau bocado?

Pior de tudo – estaria errada em tentar tirar-lhe Jilly? Será que estaria apenas a acrescentar um trauma desnecessário à vida de Jilly?

Finalmente Scarlatti olhou suplicante para o juiz.

“Meritíssimo, peço-lhe, por favor, deixe-me ter minha filha de volta. Ela é minha carne e sangue. Não vai se arrepender da sua decisão. Eu prometo."

Uma lágrima escorreu por sua bochecha quando se sentou de novo.

Sua advogada se levantou, parecendo mais orgulhosa e confiante do que nunca.

Falou com Jilly com um tom de falsa sinceridade.

“Jilly, espero que entenda que seu pai quer apenas o que é melhor para você. Eu sei que teve problemas com ele no passado, mas me diga a verdade agora – isso não é um padrão em você?”

Jilly pareceu intrigada.

Paget continuou, "Eu tenho certeza que você não vai negar que fugiu de seu pai e foi assim que Riley Paige encontrou você."

Jilly disse, "Eu sei, mas isso foi porque…"

Paget interrompeu, apontando para os Flaxman.

"E você também não fugiu desse belo casal quando eles te levaram?"

Os olhos de Jilly se arregalaram e assentiu silenciosamente.

Riley engoliu em seco. Ela sabia o que Paget ia dizer em seguida.

"E não fugiu da senhora Paige e sua família?"

Jilly assentiu e baixou a cabeça miseravelmente.

E é claro que era verdade. Riley lembrou muito bem o quão difícil tinha sido para Jilly se adaptar à vida em sua casa e, especialmente, como lutou com sentimentos de indignidade. Em um momento especialmente fraco, Jilly correu para outra parada de caminhões, pensando que vender seu corpo era a única coisa para que servia.

"Eu não sou ninguém" Jilly disse a Riley quando a polícia a trouxe de volta.

A advogada fizera sua pesquisa bem, mas Jilly mudara muito desde então. Riley tinha a certeza de que aqueles dias de insegurança tinham acabado.

Ainda mantendo um tom de profunda preocupação, Paget disse a Jilly…

“Cedo ou tarde, querida, você precisa aceitar a ajuda de pessoas que se preocupam com você. E agora, seu pai quer lhe dar uma vida mais do que qualquer outra coisa. Acho que você lhe devia dar uma chance de fazer isso.”

Voltando-se para o juiz, Paget acrescentou, "Meritíssimo, deixo o assunto para sua decisão".

Pela primeira vez, o juiz pareceu genuinamente comovido.

Ele disse, “Sr. Scarlatti, seus comentários eloquentes me forçaram a reconsiderar minha decisão.

Riley ofegou em voz alta.

Isso está realmente acontecendo?

O juiz continuou, “O estatuto do Arizona é muito claro em relação à separação. A primeira consideração é a aptidão dos pais. A segunda consideração é o melhor interesse da criança. Somente se o pai for considerado inapto pode a segunda consideração ser posta em questão.”

Ele parou para pensar por um momento.

"A incapacidade do Sr. Scarlatti não foi estabelecida aqui hoje. Acho que, pelo contrário, ele parece estar fazendo tudo o que pode para se tornar um excelente pai”.

Parecendo alarmado, Kaul levantou-se e falou agudamente.

“Meritíssimo, eu me oponho. Sr. Scarlatti desistiu de seus direitos voluntariamente, e isso é completamente inesperado. Não havia qualquer motivo para trazer provas para estabelecer sua inaptidão”.

O juiz falou com uma nota de finalização e bateu o martelo.

“Então não tenho razão para considerar mais nada. A custódia é concedida ao pai, com efeito imediato.”

Riley não pôde deixar escapar um grito de desespero.

Isso é real, Pensou.

Eu estou perdendo Jilly.

399
599 ₽
Возрастное ограничение:
16+
Дата выхода на Литрес:
09 сентября 2019
Объем:
253 стр. 6 иллюстраций
ISBN:
9781094303604
Правообладатель:
Lukeman Literary Management Ltd
Формат скачивания:
epub, fb2, fb3, ios.epub, mobi, pdf, txt, zip

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