Читать книгу: «Encontrada », страница 3

Шрифт:

O melhor lugar para procurar é sempre onde você está.

Suas palavras ecoaram pela mente de Caitlin. De alguma forma, ela sentiu que aquilo era mais do que apenas uma alegoria. Quanto mais ela refletia sobre aquela frase, mais ela sentia que ela era literal. Era como se estivesse dizendo que havia uma pista bem ali, onde ela estava.

Caitlin, de repente, se virou e procurou no poço, o lugar em que estava sentada. Agora, ela sentiu algo.

O melhor lugar para procurar é sempre onde você está.

Ela se ajoelhou e passou as mãos ao longo daquela antiga parede de pedras lisas. Tocou ao longo de tosa sua extensão, sentindo cada vez mais a certeza de que algo estava lá, que ela estava perto de uma pista.

“O que você está fazendo?” Caleb perguntou.

Caitlin procurou freneticamente, olhando em todas as rachaduras de todas as pedras, sentindo que ela estava no caminho certo.

Finalmente, do outro lado do poço, ela parou. Havia encontrado uma rachadura que era levemente maior do que as outras. Grande o suficiente para caber seu dedo. A pedra em questão era um pouco mais lisa que as outras e a rachadura, um pouco maior também.

Caitlin enfiou a mão e tentou abrir o buraco. Em seguida, a pedra começou a se mexer e, depois, a se mover. A pedra se soltou da base do poço. E, atrás dela, ela ficou espantada ao ver, havia um pequeno esconderijo.

Caleb se aproximou, ficando por cima de seu ombro e ela se abaixou na escuridão. Ela sentiu algo frio e de metal em sua mão e a puxou lentamente para fora.

Ela levou sua mão para a luz e abriu lentamente a palma de sua mão.

Ela não podia acreditar o que estava ali.

CAPÍTULO CINCO

Enquanto Scarlet estava com Ruth lá, no final de uma rua sem saída, de costas para a parede, ela assistia, com medo, o grupo de valentões soltarem seu cachorro para ataca-la. Momentos depois, o enorme e selvagem cão estava ameaçando, rosnando, mirando para sua garganta. Tudo havia acontecido tão rápido, ela mal sabia o que fazer.

Antes que ela pudesse reagir, Ruth, repentinamente, rugiu e intimou o cachorro. Ela saltou e, ao encontrar o cão em pleno ar, afundou suas presas em seu pescoço. Ruth caiu em cima dele e o manteve no chão. O cão deveria ter duas vezes o tamanho de Ruth e, mesmo assim, ela impedia, esforçadamente, que ele se levantasse. Continuou cravando seus dentes com todas as suas forças e, logo, o cachorro parou de se debater, estava morto.

“Sua desgraçada!” gritou o líder deles, furioso.

Ele saiu disparando do seu grupo, e foi logo na direção de Ruth. Ele ergueu um bastão, que tinha, em uma de suas extremidades, uma ponta afiada e a lançou nas costas expostas de Ruth.

Os reflexos de Scarlet se manifestaram e ela entrou em ação. Sem pensar, ela correu na direção do garoto e alcançou o bastão no meio do ar, antes que ele atingisse Ruth. Depois, ela o puxou para perto de si, pegou impulso e lhe chutou nas costelas.

O garoto se encolheu e ela o chutou novamente, desta vez, com um chute circular bem na cara. Ele deu um giro e caiu de cara no chão de pedras.

Ruth se virou e ameaçou o grupo de meninos. Ela pulou bem alto no ar e afundou suas presas na garganta de um dos garotos, derrubando-o no chão. Restaram só mais três.

Scarlet ficou ali parada, encarando-os e, de repente, um novo sentimento tomou conta dela. Ela não tinha mais medo; não queria mais fugir destes meninos; não queria mais se encolher e se esconder; tampouco queria a proteção de seus pais.

Algo despertou dentro dela, como se tivesse cruzado uma linha invisível, um ponto crítico. Ela sentiu, pela primeira vez em sua vida, que ela não precisava de mais ninguém. Tudo o que ela precisava era ela mesma. Ao invés de ter medo do momento, ela estava o apreciava.

Scarlet se sentiu tomada por raiva, que vinha de seus pés, atravessava seu corpo e chegava até o topo de sua cabeça. Era uma emoção elétrica que ela não conhecia, que ela nunca havia sentido antes. Ela não queria mais fugir dos garotos. Tampouco queria que eles fugissem.

Agora, ela queria vingança.

Os garotos ficaram parados, olhando em choque. Scarlet atacou. Tudo aconteceu tão rápido que ela mal conseguiu processar. Seus reflexos eram muito mais rápidos que o deles, como se eles estivessem se movendo em câmera lenta.

Scarlet saltou no ar, mais alto que nunca, e chutou o garoto, que estava no meio, atingindo seu peito com seus dois pés. Ela o mandou pelos ares, como se fosse uma bala cruzando o beco, até ele se chocar contra uma parede e desabar.

Antes que os outros pudessem reagir, ela virou e deu cotovelada no rosto de um, depois girou e chutou e o outro no esterno. Ambos caíram, inconscientes.

Scarlet ficou ali parada, com Ruth, recuperando o fôlego. Ela olhou a sua volta e viu os cinco garotos espalhados pelo chão a sua volta. E então, percebeu: ela havia ganhado.

Ela não era mais a Scarlet que ela conhecia.

*

Scarlet vagou, com Ruth ao seu lado, pelas ruas por horas, tentando permanecer o mais longe possível daqueles garotos. Ela virou esquina após esquina naquele calor, se perdendo naquele labirinto de vielas da antiga cidade de Jerusalém. O sol do meio dia judiava dela e ela estava começando a delirar por causa disso; a falta de comida e água também não estava ajudando. Enquanto serpenteavam pela multidão, ela via que Ruth estava ofegante ao seu lado, ela também estava sofrendo.

Uma criança passou por Ruth e tocou em suas costas, querendo brincar, mas fora com muita força. Ruth se virou e foi para cima dela, rosnando e exibindo seus dentes. A criança gritou, chorou, e então fugiu. Era estranho Ruth se comportar dessa maneira; normalmente, ela era muito tolerante. Mas parecia que o calor e a fome a estavam afetando demais. Ela também estava canalizando a raiva e frustração de Scarlet.

Por mais que tentasse, Scarlet não sabia como se livrar dos seus sentimentos residuais de raiva. Era como se algo dentro dela tivesse sido desencadeado, e ela não podia contê-lo de volta. Ela sentiu suas veias latejando, a raiva pulsando e, quando ela passou pelos vendedores, que exibiam todo o tipo de comida que ela e Ruth não podiam pagar, a raiva aumentava. Ela também estava começando a perceber que o que ela estava sentindo, aquelas dores intensas de fome, não era apenas uma fome típica. Era outra coisa, ela percebeu. Algo mais profundo, mais primitivo. Ela não quer apenas comida. Ela queria sangue. Ela precisava se alimentar.

Scarlet não sabia o que estava acontecendo com ela e ela não sabia como lidar com isto. Ela sentiu o cheiro de carne e abriu caminho na multidão, procurando por ela. Ruth a acompanhava, bem ao seu lado.

Scarlet acotovelava as pessoas enquanto seguia em frete e, ao fazê-lo, um homem na multidão se ressentiu e a empurrou:

“Ei, garota, olhe por onde anda!” ele retrucou.

Sem mesmo pensar, Scarlet se virou e empurrou o homem. Ele tinha mais que o dobro de seu tamanho mas, mesmo assim, foi atirado para trás e acabou batendo em várias barracas de frutas quando caiu no chão.

Ele se levantou, chocado, olhou para Scarlet e se perguntou como uma menina tão pequena poderia subjuga-lo daquele jeito. Então, aterrorizado, ele sabiamente se virou e saiu correndo.

O vendedor franziu o cenho para Scarlet, sentindo que ela causaria problemas.

“Você quer carne?” ele disse rispidamente. Você tem dinheiro para pagar?”

Mas Ruth não se conteve. Ela avançou e afundou suas presas no enorme pedaço de carne, arrancou uma mordida e engoliu tudo. Antes que alguém pudesse fazer alguma coisa, ela pulou de novo, visando agora outro pedaço.

Desta vez, o fornecedor foi dar um golpe abaixando sua mão, com toda a força, com o objetivo de bater Ruth no nariz.

Mas Scarlet sentiu esse movimento. Na verdade, algo novo estava acontecendo com seu senso de velocidade, seu senso de tempo. Quando a mão do vendedor começou a descer, Scarlet viu sua própria mão se erguendo, sem seu controle, e agarrando o pulso do vendedor antes que ele tocasse em Ruth.

O vendedor olhou para Scarlet, seus olhos estavam arregalados, estava chocado que uma pequena garota poderia ter um aperto tão forte. Scarlet comprimiu o pulso do homem, e apertou ainda com mais força, até o braço dele começar a tremer. Ela se viu encarando-o de cara feia, incapaz de controlar sua raiva.

“Não se atreva a tocar no meu lobo,” Scarlet rosnou para o homem.

“Eu… sinto muito,” o homem disse, tremendo de dor, seus olhos estavam arregalados de medo.

Por fim, Scarlet soltou o aperto e correu para fora da barraca, Ruth ao seu lado. Enquanto ela se apressava para correr o mais rápido que podia, ouviu um assobio atrás e, em seguida, gritos frenéticos dos guardas que estavam em seu encalço.

“Vamos, Ruth!” Scarlet disse, e as duas se apressaram para descer o corredor e se perder no meio da multidão. Pelo menos, Ruth havia comido algo.

Mas a fome de Scarlet era esmagadora e ela não sabia se poderia contê-la por mais tempo. Não sabia o que estava acontecendo com ela, mas enquanto caminhavam rua após rua, ela se viu olhando para a garganta das pessoas. Ela olhava atentamente para suas veias, via o sangue pulsando. E encontrou-se lambendo os lábios, querendo – precisando – cravar seus dentes neles. Ela ansiava pela ideia de beber sangue, e imaginou como seria a sensação de sangue descendo pela sua garganta. Ela não entendia. Ela não era mais humana? Estava se tornando um animal selvagem?

Scarlet não queria ferir ninguém. Racionalmente, ela tentou se conter.

Mas, fisicamente, algo estava tomando conta dela. E ia subindo, desde seus dedos do pé, passando pelas pernas, pelo seu torso, até o topo de sua cabeça e pontas de seus dedos. Era um desejo. Um desejo insaciável. Seus pensamentos a atormentavam, eles lhe diziam o que pensar, como agir.

De repente, Scarlet detectou algo: ao longe, em algum lugar atrás dela, um grupo de soldados romanos corriam atrás dela. Sua nova audição, hipersensível a alertou com o som de suas sandálias batendo na pedra. Ela já sabia deles, mesmo eles estando a quarteirões de distância.

O som de suas sandálias batendo nas pedras só irritava a ainda mais; o ruído se misturava em sua cabeça com o som dos gritos dos vendedores, com as crianças rindo e os cães latindo… Tudo estava ficando demais para ela. Sua audição estava se tornando muito aguçada, e ela estava ficando muito irritada com a cacofonia de ruído. O sol também parecia mais forte, como se estivesse atingindo apenas ela. Era demais. Ela sentia como se estivesse sob o microscópio do mundo e estava prestes a explodir.

De repente, Scarlet se inclinou para trás, transbordando de raiva, e teve uma sensação nova em seus dentes. Ela sentiu seus dois dentes incisivos expandirem, ficarem maiores, presas afiadas saindo, projetando de sua gengiva. Ela mal sabia o que era aquele sentimento, mas sabia que estava mudando, se transformando em algo que mal podia reconhecer nem controlar. Em seguida, ela viu um homem gordo, bêbado, tropeçando pelo beco. Scarlet sabia que ela ou precisava se alimentar ou iria morrer. E algo dentro dela queria sobreviver.

Scarlet se ouviu rosnando e ficou chocada. Era um som tão primitivo, que ela ficou surpresa. Ela sentia como se estivesse fora de seu corpo quando ela deu um saltou no ar, em direção ao homem. Ela assistiu em câmera lenta quando ele se virou para ela, os olhos arregalados de medo. Ela sentiu seus dois dentes da frente afundando em sua carne, nas veias em sua garganta. E, um momento depois, ela sentiu seu sangue quente descendo por sua garganta, enchendo suas veias.

Ela ouviu um grito, mas apenas por um momento. Porque, um segundo depois, o homem estava caído no chão, e ela, estava sem cima dele, sugando todo o seu sangue. Aos poucos, ela começou a sentir uma nova vida, uma nova energia vibrando em seu corpo.

Ela queria parar de se alimentar, deixar o homem ir. Mas não conseguia. Ela precisava disso. Ela precisava sobreviver.

Ela precisava se alimentar.

CAPÍTULO SEIS

Sam correu pelas ruas de Jerusalém, resmungando, vermelho de raiva. Ele queria destruir, acabar com tudo a sua frente. Quando passou correndo por uma fileira de vendedores, ele estendeu seu braço e passou por suas barracas empurrando-as como se fossem peças de dominó. Ele atingia as pessoas deliberadamente, o mais forte que podia, enviando-os pelos ares em todas as direções. Ele parecia uma bola de demolição, fora de controle, correndo para todos os lados, derrubando tudo em seu caminho.

O caos se instalou; gritos surgiram. As pessoas começaram a notá-lo e a fugir, saindo do seu caminho. Ele parecia um trem de destruição.

O sol estava deixando-o louco. Ele atingia sua cabeça como se se fosse um ser vivo, deixando-o com mais e mais raiva. Ele nunca tinha conhecido como era a verdadeira fúria era até aquela hora. Nada parecia satisfazê-lo.

Ele viu um homem alto e magro e o atacou, afundando suas presas em seu pescoço. Ele o fez em uma fração de segundo, sugou o sangue e então se apressou para afundar seus dentes no pescoço de outra pessoa. E foi passando de pessoa para pessoa, penetrando suas presas e sugando o sangue de todos. Ele se movia tão velozmente que ninguém teve tempo de reagir. Todos caíram no chão, um após o outro, e ele foi deixando um rastro por onde passava. Estava em um frenesi, ele sentia seu corpo inchando com todo aquele sangue. E, ainda assim, não era o suficiente.

O sol estava deixando-o à beira da insanidade. Ele precisava de sombra, e precisava rápido. Então, viu um grande edifício ao longe, um imponente palácio sóbrio, feito de calcário, com pilares e enormes portas em forma de arco. Sem pensar, ele disparou pela praça e o acertou, chutando as portas abertas.

Era mais fresco ali, e finalmente, Sam podia respirar de novo. Só de se livrar do sol em sua cabeça já fazia diferença. Ele podia abrir os olhos e, aos poucos, foi ajustando a vista.

Dezenas de pessoas com expressões assustadas estavam olhando para Sam. A maioria sentada dentro de pequenas piscinas, banheiras individuais, enquanto outros caminhavam ao redor, com os pés descalços naquele chão de pedra. Todos estavam todos nus. Foi quando Sam percebeu: ele estava dentro de uma casa de banhos. Um balneário romano.

O teto era alto e arqueado, deixando entrar luz e havia grandes colunas redondas por todos os lados. Os pisos eram de um mármore brilhante e pequenas piscinas enchiam a grande sala. Pessoas descansavam por lá, aparentemente, relaxando.

Isto é, até eles o verem. Todos se sentaram rapidamente, suas expressões transformaram em terror.

Sam odiava a visão daquelas pessoas – pessoas ricas, preguiçosas, descansando como se não se importassem com mais nada. Ele faria com que pagassem por isso. Jogou a cabeça para trás e rugiu.

A maioria do público teve o bom senso de fugir do local, se apressar para pegar as suas toalhas e roupões e tentar sair dali o mais rápido possível.

Mas eles não tinham a menor chance. Sam se arremessou para frente, alcançou o mais próximo dele e afundou seus dentes naquele pescoço. Ele chupou o sangue e a vítima caiu no chão e rolou até uma das banheiras, manchando tudo de vermelho.

Ele fez isso de novo e de novo, pulando de uma vítima para outra, homens e mulheres tanto fazia. Logo, o balneário estava cheio de cadáveres, corpos flutuando em todos os lugares, todas as águas manchadas de vermelho.

Houve um estrondo repentino na porta e Sam se virou para ver o que era.

Ali, enchendo a porta, havia dezenas de soldados romanos. Eles usavam uniformes oficiais – túnicas curtas, sandálias romanas, capacetes com penas – e seguravam escudos e espadas curtas. Outros usavam arcos e flechas. Estes puxaram os outros para trás e miraram em Sam.

“Fique onde você está!” o líder gritou.

Sam rosnou ao se virar, elevou-se a sua máxima altura e começou a caminhar em direção a eles.

Os ataques vieram. Dezenas de flechas dispararam pelo ar, na direção dele. Sam podia vê-las em câmara lenta, reluzindo, suas setas prateadas apontadas para ele.

Mas ele foi ainda mais rápido que aquelas flechas. Antes que pudessem alcançá-lo, ele já estava no alto, em um salto, dando cambalhotas sobre todos. Ele facilmente atravessou a extensão do local inteiro – cerca de 12 metros – antes mesmo que os arqueiros tivessem tempo de relaxar seus braços.

Sam aterrissou em pé e chutou aquele que estava no centro, bem no meio do seu peito, com tanta força, que o soldado rebateu no resto da multidão, como uma fileira de dominós. Uma dúzia de soldados caiu.

Antes que os outros pudessem reagir, Sam estendeu a mão e pegou duas espadas de dois soldados. Ele as girou e saiu golpeando em todas as direções.

Sua mira era perfeita. Ele cortava cabeça após a cabeça e, em seguida, virou-se e atingiu os sobreviventes bem no coração. Ele cortava aquela multidão como se fosse manteiga. Em poucos segundos, dezenas de soldados desabaram no chão, sem vida.

Sam caiu de joelhos e começou a afundar suas presas no coração de cada um deles para beber mais e mais. Ele ficou abaixado ali, de quatro, curvado como um animal, empanturrando-se de sangue, ainda tentando suprir sua raiva, que parecia ilimitada.

Sam terminou, mas ainda não estava satisfeito. Ele sentiu como se precisasse lutar contra exércitos inteiros, matar massas da humanidade de uma vez. Precisava devorar por semanas. E, mesmo assim, não seria o suficiente.

"SANSÃO!", gritou uma estranha voz feminina.

Sam parou, congelado em seus pensamentos. Era uma voz que não ouvia há séculos. Uma voz que ele tinha quase esquecido, que ele nunca esperava ouvir de novo.

Apenas uma pessoa neste mundo que nunca o tinha chamado Sansão.

Era a voz de sua criadora.

Ali, de pé sobre ele, olhando para baixo, com um sorriso em seu lindo rosto, estava o primeiro amor verdadeiro de Sam.

Ali, estava Samantha.

CAPÍTULO SETE

Caitlin e Caleb voavam juntos através do céu azul claro do deserto, em direção ao norte, por cima da terra de Israel, indo para o mar. Abaixo deles, a terra ia se afastando e Caitlin assistia a paisagem pela qual eles passavam. Havia enormes trechos de deserto, grandes extensões de terras ressecadas pelo sol, repletas de rochas, pedras, montanhas e cavernas. Praticamente não havia pessoas, exceto pelas pastores ocasionais, vestidos da cabeça aos pés de branco, com capuz sobre a cabeça para proteger do sol e os seus rebanhos atrás deles, não muito atrás.

Mas, à medida que eles voavam mais e mais ao norte, o terreno começava a mudar. O deserto deu lugar a colinas e a cor começou a mudar também, partindo de um marrom seco e poeirento para um verde vibrante. Oliveiras e vinhas pontilhavam a paisagem. Mas, ainda assim, havia poucas pessoas por ali.

Caitlin voltou a pensar em sua descoberta em Nazaré. Ela ficou chocada ao encontrar, dentro daquele poço, um objeto precioso, que agora segurava em sua mão: uma estrela dourada de Davi, do tamanho da sua palma da mão. Gravada nela, em uma pequena e antiga escrita, estava uma única palavra: Cafarnaum.

Estava claro para ambos que aquilo era uma mensagem dizendo-lhes para onde ir. Mas, por que Cafarnaum? Caitlin se perguntava.

Ela sabia de Caleb, que Jesus tinha passado um tempo lá. Isso significava que ele estava esperando por eles lá? E será que seu pai também estaria lá? E, ela se atreveu a ter esperança, quem sabe Scarlet?

Caitlin examinou a paisagem abaixo dela. Estava impressionada como Israel era a subpovoada naquela época. Ficou surpresa ao sobrevoar uma casa ocasional, uma vez que as habitações eram tão muito poucas e raras. Ainda era uma terra rural, vazia. As únicas cidades que tinha visto eram pequenas, e mesmo estas eram primitivas, com quase todos os prédios com um ou dois andares, feitos de pedra. Ela não havia visto ainda nenhuma estrada pavimentada.

Enquanto voavam, Caleb mergulhou ao lado dela e estendeu-lhe a mão. Foi bom sentir seu toque. Ela não conseguia evitar, mas perguntou-se, pela milionésima vez, por que eles desembarcaram naquele tempo e lugar. Tão antigo. Tão distante. Tão diferente da Escócia, de tudo que ela conhecia.

Ela sentia que, no fundo, aquele seria o ponto final em sua jornada. Ali. Israel. Era um lugar e uma época tão poderosos, ela podia sentir a energia que irradiava de tudo. Tudo parecia espiritualmente carregado para ela, como se estivesse andando, vivendo e respirando dentro de um campo de energia gigantesco. Ela sabia que algo importante estava a sua espera. Mas ela não sabia o quê. Seu pai estaria realmente ali? Será que ela nunca iria encontrá-lo? Havia sido tão frustrante para ela. Ela tinha todas as quatro chaves. Ele deveria estar aqui, pensou, esperando por ela. Por que ela tinha que continuar procurando-o deste jeito?

Ainda mais esmagadores em sua mente, estavam os pensamentos sobre Scarlet. Ela olhava para baixo em cada lugar que passava, à procura de qualquer sinal dela ou de Ruth. Por um momento, ela se perguntava que talvez ela não tivesse resistido, mas rapidamente colocou isso para fora de sua mente, recusando-se a permitir um pensamento tão negativo. Ela não podia suportar a ideia de uma vida sem Scarlet. Se ela soubesse que Scarlet realmente se foi, ela não sabia se teria força para continuar.

Caitlin sentiu a Estrela de Davi queimando em sua mão e pensou novamente para onde que eles estavam indo. Ela queria ter aprendido mais sobre a vida de Jesus, queria ter lido a Bíblia com mais atenção quando era mais nova. Ela tentou se lembrar, mas ela só sabia o básico mesmo: Jesus tinha vivido em quatro lugares: Belém, Nazaré, Cafarnaum e Jerusalém. Eles haviam acabado de sair de Nazaré e estavam indo para Cafarnaum agora.

Ela não conseguia deixar de pensar que eles estavam em uma caça ao tesouro, seguindo seus passos, que talvez ele tivesse alguma pista, ou que um de seus discípulos soubesse de alguma coisa sobre onde seu pai estava ou onde o Escudo estava. Perguntou-se novamente como eles poderiam estar relacionados. Pensou em todas as igrejas e mosteiros que havia visitado durante todos os séculos e sentia que havia uma conexão. Mas ela não tinha certeza como.

A única coisa que ela sabia sobre Cafarnaum era que deveria ser uma pequena vila humilde de pescadores na Galileia, ao longo da costa do noroeste de Israel. Mas eles não passavam por nenhuma cidade há horas – na verdade, não haviam sequer visto uma alma, nem nenhum sinal de água e muito menos de um mar.

Então, bem quando ela estava pensando sobre isso, eles sobrevoaram uma montanha, e ao cruzar seu pico, o outro lado do vale se estendeu a sua frente. Era de tirar o fôlego. Lá, se espalhando eternamente, estava um mar brilhante. Era o azul mais profundo que ela já tinha visto, e brilharam lindamente sob a luz do sol, parecia um tesouro. Em sua borda, havia uma magnífica praia de areia branca, onde as ondas se quebravam, tão longe quanto seus olhos podiam alcançar.

Caitlin sentiu um arrepio de excitação. Eles estavam indo na direção certa; se permanecessem ao longo da costa, seriam levados até Cafarnaum.

“Ali,” ouviu a voz de Caleb.

Ela seguiu seu dedo, apertando os olhos contra o horizonte, e mal podia enxergá-lo: ao longe, havia uma pequena aldeia. Não era uma cidade, nem sequer uma vila. Havia talvez duas dezenas de casas e uma grande construção, localizada longe do litoral. À medida que se aproximava, Caitlin apertou os olhos, examinando, mas não via quase ninguém: apenas alguns moradores andavam pelas ruas. Ela se perguntou se era por causa do sol do meio-dia, ou se o local era desabitado.

Caitlin olhou para baixo, à procura de qualquer sinal do próprio Jesus, mas não viu ninguém. Mais importante que isso, ela não conseguia senti-lo. Se o que Caleb disse era verdade, ela sentiria sua energia mesmo de longe. Mas ela não sentiu nenhuma energia diferente. Mais uma vez, ela começou a se perguntar se eles estavam na hora e no lugar certo. Talvez aquele homem estivesse errado: talvez Jesus pudesse ter morrido anos antes. Ou talvez ele ainda sequer nasceu.

Caleb, de repente, mergulhou no ar, em direção à vila, Caitlin o seguiu. Eles encontraram um lugar discreto no terreno, fora da muralha da vila, em um bosque de oliveiras. Em seguida, eles atravessaram o portão da cidadela.

Atravessaram a pequena vila cheia de poeira, estava calor, abafado devido ao sol. Os poucos moradores que passeavam por ali mal pareciam notar suas presenças; eles aparentavam apenas estar buscando sombra, ou se abanando. Uma velha senhora foi até o poço local, levantou uma grande concha com sua mão e bebeu e, em seguida, estendeu a mão e enxugou o suor da testa.

Enquanto atravessavam as pequenas ruas, o lugar parecia totalmente deserto. Caitlin procurou por qualquer vestígio, qualquer coisa, que pudesse indicar uma pista ou sinal de Jesus, ou de seu pai, ou do Escudo, ou de Scarlet, mas não encontrou nada.

Ela se virou para Caleb.

“E agora?” pergunto.

Caleb a encarou fixamente. Ele parecia completamente perdido, assim como ela.

Caitlin se virou e examinou as muralhas da vila, sua arquitetura humilde e, quando ela olhou para a aldeia, ela notou um caminhozinho bem gasto e estreito, que levava até o mar. Ela foi seguindo seu percurso, que cruzava um portão da cidade e, ao longe, ela viu o cintilante do oceano.

Ela cutucou Caleb, ele também viu e a seguiu quando ela saiu da vila, indo em direção ao litoral.

Quando se aproximaram da costa, Caitlin viu três pequenos barcos de pesca coloridos, gastos, próximos à costa, balançando com as ondas. Em um, estava sentado um pescador e, de pé ao lado de outros dois, com os tornozelos no mar, havia mais dois pescadores. Eles eram homens mais velhos, com cabelos e barbas de cor cinza, rostos envelhecidos assim como seus barcos, eram bronzeados e profundamente enrugados. Eles usavam túnicas brancas e capuzes brancos para se proteger do sol.

Enquanto Caitlin observava, dois deles içaram uma rede de pesca e arrastaram a lentamente pelas ondas. Eles a puxaram para eles, lutando contra as ondas e um pequeno menino saltou de um dos barcos e correu para a rede, ajudando-os a retirá-la. Quando chegaram à costa, Caitlin viu que tinham capturado dezenas de peixe, que se debatiam e pulavam . O menino gritou de alegria, enquanto que os velhos estavam com a cara fechada.

Caitlin e Caleb haviam passado despercebidos por eles, especialmente por causa do som das ondas quebrando – tanto que eles ainda não sabiam que estavam lá. Caitlin limpou a garganta, para não assustá-los.

Todos se viraram e olharam para ela, e ela pode ver a surpresa em seus olhos. Não os culpava: devia ter sido uma visão meio chocante, os dois ali, vestidos de preto da cabeça aos pés, com couro moderno e armas de batalha. Eles os olhavam como se tivessem caído direto do céu.

“Desculpe-nos pelo incômodo,” Caitlin começou, “mas aqui é Cafarnaum?” ela perguntou ao rapaz mais próximo.

Ele olhou para ela e depois para Caleb e novamente para ela. E, lentamente, acenou um sim com a cabeça.

“Estamos procurando por uma pessoa,” Caitlin continuou.

“E quem seria esta pessoa?” o outro pescador indagou.

Caitlin ia dizer “meu pai,” mas não se permitiu, percebendo que isso não ajudaria em nada. De qualquer forma, como ela iria descrevê-lo? Ela não sabia quem ele era nem como era sua aparência.

Então, ao invés disso, ela disse o nome da única pessoa que lhe veio à cabeça, a única pessoa que eles talvez conhecessem: “Jesus.”

Ela meio que esperava que eles tirassem sarro dela, rissem dela, olhassem para ela como se ela fosse louca – ou que não fizessem nem ideia de quem Jesus era.

Mas, para sua surpresa, eles não pareciam chocados com sua pergunta; eles a levaram a sério.

“Ele foi embora duas semanas atrás,” um deles falou.

O coração de Caitlin parou por um segundo. Então ele estava mesmo vivo. Eles realmente estavam em sua época. E ele realmente havia estado ali, naquela vila.

“E todos os seus seguidores foram com ele,” o outro disse. “Apenas os velhos, como nós, e as crianças ficaram para trás.”

“Então ele existe?” Caitlin perguntou, em choque. Ela mal podia acreditar; era quase demais para ela processar.

O garoto deu um passo para frente, se aproximando de Caitlin.

“Ele curou a mão do meu avô,” o menino falou. “Olhe. Ele tinha lepra. Agora ele está bem. Mostre para ela, vovô,” o menino disse.

O velho lentamente se virou e levantou sua manga. Sua mão parecia perfeitamente normal. Inclusive, quando Caitlin olhou mais de perto, uma mão parecia muito mais jovem do que a outra. Era muito misterioso. Ele tinha a mão de um rapaz e 18 anos. Rosa e saudável – como se ele tivesse ganhado uma nova mão.

Caitlin não conseguia acreditar. Jesus era real. Ele realmente curava pessoas.

Ver a mão daquele homem, um homem que havia tido lepra, completamente curado, lhe deu um arrepio na espinha. Era muito emocionante. Pela primeira vez, ela tinha esperança de que ela talvez o encontrasse, e talvez encontrasse seu pai, e o Escudo. E que talvez eles a levassem até Scarlet.

“Você sabe para onde eles foram?” Caleb perguntou.

“Jerusalém, pelo que ouvimos falar,” gritou um dos outros pescadores, por cima do barulho das ondas.

Jerusalém, Caitlin pensou. Parecia tão distante. Eles haviam voado todo aquele caminho até ali, Cafarnaum. E, agora, parecia uma caçada a gansos selvagens, eles teriam que retornar de mãos abanando.

Mas ela podia sentir a Estrela de David queimando em sua mão, ela sentia que havia uma razão para eles terem chegado a Cafarnaum. Sentia que havia algo mais, algo que eles precisavam encontrar.

“Um de seus discípulos ainda está aqui,” um pescador comentou. “Paulo. Você pode perguntar a ele. Talvez ele saiba para onde eles estavam indo.”

“Onde está ele?” Caitlin perguntou.

“Onde todos eles passam seu tempo. Na antiga sinagoga,” o homem respondeu. Ele se virou e apontou por cima de seu ombro.

Caitlin se virou e viu, por cima de seu ombro, ali, em uma colina, com vista para o oceano, um pequeno e belo templo de calcário. Mesmo naquela época, ele já parecia antigo. Adornado com colunas intrincadas, estava virado para o mar, com uma vista direta para as ondas quebrando. Mesmo a dali, Caitlin podia sentir que este era um lugar sagrado.

“É a sinagoga de Jesus,” um dos homens disse. “É onde ele passava todo o seu tempo.”

“Obrigada,” Caitlin agradeceu, e começou a ir naquela direção.

Бесплатный фрагмент закончился.

399 ₽
Возрастное ограничение:
16+
Дата выхода на Литрес:
10 сентября 2019
Объем:
263 стр. 6 иллюстраций
ISBN:
9781632912428
Правообладатель:
Lukeman Literary Management Ltd
Формат скачивания:
epub, fb2, fb3, ios.epub, mobi, pdf, txt, zip

С этой книгой читают

Новинка
Черновик
4,9
120