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CAPÍTULO 22

10:23

Washington, D.C.

“Não vamos conseguir.”

Submerso no trânsito da manhã, Luke conduziu a SUV em direção à Casa Branca. Era para e arranca. O tempo estava a esgotar-se.

Tinha o telefone colado ao ouvido. Não parava de tocar. Finalmente atendeu. Pela terceira ou quarta vez seguida, soou a voz dela no atendedor. Becca tinha-lhe dito que planeava ir com Gunner ao cinema.

A voz era vibrante e luminosa. Imaginou-a: bela, sorridente, otimista e enérgica. “Olá, aqui é a Becca. De momento, não posso atender a sua chamada. Por favor deixe uma mensagem depois do sinal e eu ligo-lhe logo que possível.”

“Becca!” Tomou fôlego. Não queria assustá-la. “Quero que me faças um favor. Não tenho tempo para explicar. Quando ouvires esta mensagem, vai diretamente para a casa de campo. Não vás para casa. Não pares para levar alguma coisa. Mete-te na autoestrada e vai. Se precisares de alguma coisa compras lá. Vou lá ter convosco assim que puder.” Fez uma pausa. “Amo-vos muito aos dois. Faz isto por mim. Não hesites. Vai agora mesmo, assim que ouvires isto.”

Desligou. Ao lado dele, Ed estava sentado muito direito. Uma veia saliente destacava-se na sua testa. Suava.

“Temos que contornar este trânsito de alguma forma,” Disse Luke.

Ed alcançou o porta-luvas e tirou uma sirene LED. Colocou-a no painel e ligou-a. No exterior, o barulho da sirene era impossível de não ser ouvido.

WAH-WAH-WAH-WAH-WAH.

“Vai!” Exclamou Ed.

Luke conduziu em sentido contrário, buzinando constantemente. Carregou no acelerador, na direção do semáforo seguinte e voltou à sua faixa. Acelerou novamente e o carro decolou como um míssil.

“Vai, meu! Vai!” Gritava Ed.

Mais à frente, os carros parados no semáforo seguinte encostaram à direita como um rebanho de ovelhas. Luke irrompeu pelo cruzamento a mais de cem quilómetros à hora.

O telefone tocou.

“Swann?”

A voz do outro lado tinha um som nasalado subtil. “Luke, é o Don Morris.”

“Don, tenho que manter esta linha livre.”

“O que é que está a fazer, filho? Disseram-me que mataste um homem num hospital em Baltimore.”

Luke abanou a cabeça. “Não matei ninguém. Eles vão atacar a Casa Branca. É o alvo.”

“Isso não é verdade, Luke. Nos últimos dez minutos prenderam dois miúdos árabes, um no Grand Central e outro em Hoboken. Ambos transportavam bombas de pressão em mochilas. A NSA está a tentar descobrir as identidades e ligações de ambos agora mesmo.”

“As bombas de pressão não são bombas sujas!” Explodiu Luke, apercebendo-se da estridência da sua própria voz. Parecia um louco. Mal dormira num espaço de vinte e quatro horas. Era natural que as suas perceções pudessem estar alteradas. Mas alteradas a este ponto? Era possível? Olhou para o conta-quilómetros. Estavam a circular a mais de cento e trinta quilómetros por hora nas ruas de uma cidade.

“As bombas de pressão eram iscos,” Disse Don. “Nem sequer estavam operacionais. Os terroristas mandaram os miúdos para ver qual seria o nível de segurança. Agora sabem que os alvos estão sob vigilância e seguros.”

Luke tentou baixar o tom de voz para que a conversa entre ele e Don fosse racional. Queria que Don compreendesse o que para ele era dolorosamente óbvio. “Don, falámos com o Eldrick Thomas. Ele era um dos ladrões. Não o matámos. Morreu de contaminação por radiação. Ele disse-nos que o alvo era a Casa Branca.”

“Luke, sei quem ele era. As informações que obtivemos indicam-nos que para além de tudo, Eldrick Thomas era um criminoso profissional. Enganou-te. É isso que os criminosos fazem. Enganam as pessoas até ao fim. Disse-te que o alvo era a Casa Branca. A segurança é reforçada e as pessoas pensam que ele está a cooperar. Se vivesse, talvez conseguisse um melhor acordo. O homem passou a vida a entrar e a sair da prisão. Mas sabe que o alvo é a Casa Branca. Achas que as pessoas que estão por detrás disto confiariam esse tipo de informação a um crimonoso de baixa categoria?”

Luke não proferiu uma palavra.

“Ainda te podes safar desta,” Avisou Don. “Volta para o quartel-general. Encontro-te lá. Se dizes que não o mataste, eu acredito em ti. Faço o que puder para te proteger. Chamamos um psiquiatra. Ele pode dizer que tiveste um episódio de PTSD. Uma quebra psicótica. O teu registo de combate pode comprovar isso. Podes ter que estar internado uns dias, mas safas-te.”

Luke não acreditava no que estava a ouvir.

“Tenho que manter esta linha livre,” Reforçou.

“Estás no limite, Luke. Se avançares mais, não contes com ajuda.”

Estava a entrar uma chamada.

“Don, tenho que ir.”

“Luke! Não te atrevas a desligar o telefone.”

Mais à frente já se avistava o portão da Casa Branca. Ed desligou a sirene e a luz. Luke abrandou. Afastou o telefone para ver o ecrã. Quem lhe ligava era Swann.

Luke atendeu a chamada, deixando Don pendurado. “Swann, conseguiste a entrada dos Serviços Secretos?”

Swaan hesitou. “Acho que sim.”

Achas que sim?”

“Vocês têm mandatos de captura, Luke. Não me lixes. Pois, parece que têm entradas de categoria um. Podem trabalhar diretamente com o Presidente e com a Vice-Presidente. Mas é falso. Em trinta segundos, a base de dados dos Serviços Secretos pode cruzar referências com os registos criminais e expulsar-vos de lá. Alguém pode dar-se ao trabalho de confirmar as autorizações e perceber que foram aprovadas há cinco minutos. Não posso dar-vos garantias. Têm cinquenta cinquenta de hipóteses. Quando é que chegam?”

“Já cá estamos. Estamos a chegar ao portão.”

“Bem, então está bem. Parece que estamos prestes a confirmar a minha genialidade.”

Luke desligou. Retomou a chamada com Don.

“Don?”

A chamada caíra.

A guarita era logo ali. Estava resguarda por barreiras de betão armado. Vislumbravam-se os sinais de PARAR e de NÃO ENTRAR. Quatro homens de fato patrulhavam a entrada. AVISO, lia-se num outro sinal. ÁREA RESERVADA. VERIFICAÇÃO DE IDENTIDADE.

Luke voltou-se para Ed cujo rosto estava reluzente e brilhante do suor.

“Pronto?” Perguntou Luke.

“Pronto para tudo.”

Luke sentiu uma gota de suor a escorrer. Estavam prestes a tentar entrar na Casa Branca. Iriam até onde pudessem com as falsas autorizações de segurança e depois usariam a força no resto do percurso. Iam tentar enganar todo o sistema de segurança dos Serviços Secretos e evacuar o Presidente sob a sua alçada. Dois homens de outra agência que haviam sido suspensos há poucas horas. Tudo por causa de uma dica dada por um criminoso de carreira morto que podia estar ou não a mentir.

A dada altura, Luke quase compreendia o ponto de vista de Don. De fora, devia parecer uma ideia louca.

Um guarda surgiu à esquerda de Luke. Luke tinha conduzido em autopiloto até ao portão. Entorpecido, entregou a sua identificação e a de Ed. O homem desapareceu por um momento mas voltou logo de seguida.

“Lamento,” Disse. “Ambos foram rejeitadas. Não têm autorização.”

“Talvez seja um sinal,” Sentenciou Ed.

“Verifique novamente, por favor,” Pediu Luke.

À sua frente, o portão abriu-se. O segurança reapareceu.

“Peço desculpa,” Disse. “Deve ter sido alguma falha no sistema.”

Luke avançou lentamente pelo portão da Casa Branca.

*

O Swann era bom. Ele era mesmo muito bom.

Entraram na Ala Oeste, passaram por um ponto de identificação e depois deslocaram-se rapidamente num corredor ladeado de colunas de estilo grego. Os passos ecoavam no chão de mármore. Viraram à direita e a entrada para a Sala Oval era só um pouco mais à frente.

Dois homens dos Serviços Secretos estavam à porta.

“Olá rapazes,” Cumprimentou um deles. “Podem parar.”

Luke ergueu o distintivo. “FBI. Temos autorização de segurança Yankee White. Temos que falar com o Presidente Hayes.”

“O Presidente está numa reunião.”

“Ele vai querer ouvir o que temos para lhe dizer.”

O homem abanou a cabeça. “Ninguém nos informou sobre isto. Esperem aqui enquanto confirmamos.”

Ed não hesitou por um momento. Deu um soco na garganta do primeiro homem, depois girou e com o cotovelo apanhou o queixo do segundo homem. O primeiro homem caiu ao chão agarrado à garganta. Ed agachou-se, bateu-lhe com a cabeça no chão de pedra e levantou-se de um salto. O segundo homem já se preparava para agarrar na arma quando Ed lhe deu um soco na cara. O homem já estava inconsciente antes de cair no chão.

Luke e Ed entraram de rompante pela Sala Oval adentro.

Do outro lado da sala, encontrava-se o Presidente e a Vice-Presidente. Estudavam o que parecia ser um mapa gigante exposto na secretária do Presidente. Atrás deles, três janelas amplas davam para o Rose Garden. Um homem tirava fotos. Um homem jovem com cabelo ralo estava próximo. E mais cerca de meia dúzia de pessoas.

Quando Luke e Ed entraram, o Presidente endireitou-se. Era um homem muito alto.

Quatro agentes dos Serviços Secretos sacaram as armas.

“Parem! No chão!”

No centro da sala, o tapete bege patenteava o Selo do Presidente. Luke pisou-o. Ergueu as mãos.

“FBI,” Disse. “Tenho uma mensagem importante para o Presidente.”

Foi imobilizado por trás e em menos de nada, tinha a face encostada ao tapete. Os braços estavam dolorosamente torcidos atrás. Um pé repousava no seu rosto. A poucos metros de distância, Ed estava na mesma posição.

“FBI!” Gritou Luke. “Agentes federais!”

Tiraram-lhe o distintivo e a identificação. Retiraram-lhe a arma do coldre. A outra arma e a faca também.

“O que é que se passa?” Perguntou o Presidente.

Três homens seguravam Luke. Tinha uma arma encostada ao pescoço. Era doloroso mexer-se e difícil falar. “Sr. Presidente, sou Luke Stone da Special Response Team do FBI. Este é o Agente Newsam. O Sr. está em perigo. Temos informações fiáveis que indiciam a possibilidade de um ataque à Casa Branca com uma bomba suja. O ataque está agendado para coincidir com o início do Ramadão em Teerão, ou seja, daqui a menos de quinze minutos.”

O Presidente Hayes aproximou-se de Luke.

“Não é verdade,” Ouviu-se uma voz de mulher dizer.

Luke conseguiu virar o pescoço o suficiente para ver Susan Hopkins, a Vice-Presidente. Era uma mulher muito bonita, parecia uma espécie de apresentadora de televisão veterana. Usava um fato cinzento listrado e o cabelo louro estava penteado com um bob curto. “Acabámos de receber um relatório indicando que a ameaça se restringia a Nova Iorque e foi neutralizada.”

“Não temos tempo suficiente para contar tudo,” Prosseguiu Luke. “Temos que evacuar todo o edifício e o tempo urge. Se estivermos errados, é uma situação embaraçosa. A Casa Branca teve um susto e foi evacuada sem razão aparente. Mas se vocês estiverem errados… nem quero pensar nisso.”

Todos olharam para o Presidente. Era um homem habituado a tomar decisões difíceis. Não disse nada durante apenas alguns segundos.

“Tirem toda a gente daqui,” Ordenou. “Iniciem os protocolos de evacuação para todo o pessoal. Daqui a dez minutos não quero ninguém dentro deste edifício.”

CAPÍTULO 23

10:50

Por baixo da Casa Branca

Um elevador conduziu-os às entranhas da terra. Dez pessoas estavam ali: o Presidente, a Vice-Presidente, o jovem chefe do pessoal do Presidente, Ed, Luke e cinco agentes dos Serviços Secretos. Um dos agentes levava consigo uma sacola de cabedal preta, presa ao pulso por um gancho de metal. Algures acima deles, um alarme soou.

“Tem a certeza disto?” Perguntou o Presidente.

O rosto de Luke estava marcado. O pescoço doía-lhe. Sentia um vergão a crescer-lhe no queixo. A boca sangrava.

“Não tenho a certeza de nada, Sr. Presidente.”

“Se estiver errado, está num grande sarilho.”

“Talvez não tenha a noção completa do sarilho em que estou metido, Sr. Presidente.”

As portas do elevador abriram-se. Saíram na direção de uma câmara iluminada, desparecendo na distância. Duas limusinas pretas estavam alinhadas logo à saída do elevador. Luke deu por si sentado na segunda com Ed, a Vice-Presidente e dois agentes dos Serviços Secretos.

O rosto de Ed estava uma lástima. O olho direito estava inchado e quase fechado. A pálpebra cortada e a sangrar

O carro percorreu o túnel velozmente enquanto, mais à frente, luzes amarelas se perfilavam na parte superior da câmara subterrânea.

“Espero sinceramente que esteja enganado,” Disse Susan Hopkins.

“Também eu,” Concordou Luke. “Mais do que tudo.”

Ao fundo do túnel, entraram num outro elevador que os conduziu à superfície. Saíram num heliporto. Na plataforma estava estacionado um grande Sikorsky cinzento com as hélices já a girar. Subiram a bordo e o helicóptero decolou.

À medida que se elevavam, Luke reparou que a subida partia de uma área arborizada a cerca de oitocentos metros da Casa Branca. O Presidente olhava fixamente para o edifício e Luke também.

“Se alguma coisa devia acontecer, seria mais ou menos agora,” Disse o Presidente. “Não é verdade?”

Luke olhou para o relógio. “São 10:53.”

“Uma bomba suja é pequena,” disse Ed. “Podemos não ver nada a esta distância.”

“Pode ser um ataque por drone,” Acrescentou Luke. “Se assim for, podemos–“

De súbito, as suas palavras foram interrompidas por uma explosão vinda da Sala Oval.

Um flash de luz vermelha e amarela surgiu por detrás das janelas altas. O vidro estilhaçou-se. As paredes incharam e depois explodiram para o relvado exterior.

A Ala Oeste foi destruída por uma outra explosão, desta feita mais violenta.

O telhado cedeu enquanto observavam aquela cena de horror.

Uma série de explosões percorreram a Colunata em direção à Residência principal no centro. Todos viram as chamas a consumir um dos mais duradouros símbolos dos Estados Unidos. Uma violenta explosão, a maior de todas até ao momento, destruiu a Residência. Um enorme pedaço de alvenaria disparou na vertical rodando sem parar. Luke observou a sua trajetória até se desintegrar no ar.

De repente o helicóptero estremeceu. Desceu abruptamente antes dos pilotos o segurarem, iniciando a subida outra vez.

“É uma onda de choque,” Disse Luke, “Está tudo bem.”

O helicóptero deu meia volta rumo a oeste. Todos em silêncio apenas trocaram olhares incrédulos. Luke olhou para o rosto magoado de Ed. Parecia um boxer que tinha acabado de perder um combate. Nada mais havia a dizer.

Atrás deles, a Casa Branca ardia.

PARTE DOIS

CAPÍTULO 24

11:15

Centro de Operações de Emergência de Mount Weather – Bluemont, Virginia

“Armas?” Perguntou um homem a Luke.

Quando o helicóptero aterrou, estavam na plataforma vinte homens dos Serviços Secretos. Operavam suave e eficientemente, separando Luke e Ed do grupo principal e apressando o Presidente e a Vice-Presidente na direção do túnel aberto. A entrada tinha uma altura de dois andares emoldurada por metal ondeado.

Acima, helicópteros de combate preenchiam o céu como libélulas. O helicóptero do Presidente tinha decolado com uma escolta de dez helicópteros.

Luke e Ed estavam sozinhos na pista, a uma distância de três metros um do outro. Estavam rodeados de arame farpado. Os Serviços Secretos revistaram-nos com dureza. Dois homens seguravam nos braços de Luke enquanto outros revistavam a roupa que ondulava com o ar deslocado pelas hélices do helicóptero.

“Armas?” Perguntou o homem novamente.

Luke estava aturdido. A Casa Branca tinha explodido. A Sala Oval, depois toda a Ala Oeste, a Colunata até à Residência Presidencial. Ele estava à espera de… algo. Mas não aquilo que havia testemunhado. Estava demasiado cansado para perceber tudo o que se tinha passado.

Lembrou-se que não falara com Becca. Devia estar preocupada. Esperava que tivesse ido para a casa de campo na Maryland Eastern Shore, um lugar calmo e, acima de tudo, seguro. Durante algum tempo, Washington, D.C. e subúrbios seriam um caos.

“Tenho que ligar à minha mulher,” Disse.

O homem dos Serviços Secretos à sua frente atingiu-o com um golpe no estômago o que teve o efeito de trazer Luke de volta. Olhou para os olhos duros do homem.

“Está a esconder armas?” Interrogou mais uma vez o homem.

“Não sei. Fui revistado na Sala Oval. Penso que as tiraram todas.”

“Quem é você?”

Esta era fácil. “Agente Luke Stone, da Special Response Team do FBI.”

“A sua identificação?”

“Não sei, pergunte aos seus amigos, tiraram-me tudo. Ouça, preciso mesmo de fazer uma chamada e não tenho o meu telefone.”

“Pode fazer uma chamada depois de responder a algumas perguntas.”

Luke olhou à sua volta. O dia estava solarengo mas o seu estado de exaustão e os acontecimentos do dia conspiravam para dar ao céu um aspeto carregado. Acima das suas cabeças, os helicópteros, como abutres, ocupavam o chão com as suas sombras nefastas. Na entrada da unidade, o Presidente virara-se e caminhava na sua direção. Era fácil detetá-lo no meio da multidão graças à sua incomum altura.

O homem dos Serviços Secretos estalou os dedos mesmo em frente ao rosto de Luke. “Está a ouvir-me?”

Luke abanou a cabeça. “Desculpe. Ouçam rapazes, tive um dia comprido. Deixem-me só ligar à minha mulher e depois digo-vos tudo aquilo que sei.”

O homem deu-lhe uma bofetada. Foi uma bofetada certeira para lhe chamar a atenção. Conseguiu isso e muito mais. Luke lutou para libertar os braços. Um segundo mais tarde, estava no chão, de cara voltada para a superfície áspera do asfalto negro. Dois homens seguravam-no. À esquerda, Ed também estava no chão.

No canto do olho, Luke viu o Presidente a aproximar-se depressa, rodeado por agentes dos Serviços Secretos. Parou a poucos metros de distância.

“Senhores!” Disse em tom imponente. “Deixem esses homens levantarem-se. Estão comigo.”

Passados apenas uns instantes, Luke já se encontrava à entrada da unidade de Mount Weather. Uma multidão de gente, muitos militares vestidos de uniforme, circulavam à sua volta. A entrada era literalmente um túnel gigante escavado no granito da montanha. O teto, a uma altura de três andares, era arqueado em pedra. O Presidente desaparecera.

Luke pegou novamente no telefone.

“Olá, aqui é a Becca. De momento, não posso atender a sua chamada. Por favor deixe uma mensagem depois do sinal e eu ligo-lhe logo que possível.”

Luke teve vontade de atirar o telefone ao chão de cimento.

“Raios! Porque é que ela não atende?”

Claro que ele já sabia a razão. O telefone nem sequer tocava – ia direto para o atendedor. As antenas estavam sobrecarregadas. Por toda a região, milhões de pessoas tentavam fazer chamadas ao mesmo tempo.

Ed estava perto, também a tentar telefonar.

“Estás a conseguir?” Perguntou Luke.

Ed abanou a cabeça negativamente.

Luke entrou em modo de chefe. “Ouve, vão levar-me lá para baixo daqui a nada. Precisos que entres em contato com a Trudy e o Swann. Temos que deitar as mãos ao Ali Nassar. Se o DPNI não o prender, temos que ser nós a entrar em ação. Detê-lo, fazê-lo desaparecer e levá-lo para um local seguro. Ele não pode sair do país sob qualquer circunstância e é óbvio que não podemos contar com a ajuda do Ron Begley.”

Ed assentiu. “Tudo bem. Devo contatar o Don?”

Luke encolheu os ombros. “Sim, se o conseguires apanhar.”

“E o que é que lhe devo dizer?”

Luke não sabia como responder àquela pergunta. Don era um dos seus mentores mas era mais do que isso. Don tinha sido como um pai para ele. Contudo, Don também o tinha suspendido hoje e tinha recomendado que Luke se internasse numa unidade psiquiátrica. E em ambas as situações, Don enganara-se.

Duas grandes portas deslizaram a sete metros de distância. O grupo começou a encaminhar-se para as portas e Luke seguiu com eles.

“Diz-lhe que nós e o Presidente estamos vivos.”

“E depois?” Perguntou Ed.

Luke encolheu os ombros. “Quando tiveres feito isso, vai comer alguma coisa.” Apontou na direção do elevador. “Isto não deve demorar muito tempo.”

O elevador de carga era amplo com uma altura de dois andares. Entraram vinte pessoas. O elevador movia-se lentamente cada vez mais para baixo, com a rocha cinzelada a mover-se suavemente para lá dos portões de metal. Um sinal amarelo com enormes letras pretas indicava: CUIDADO – MANTER AS MÃOS PARA DENTRO. O elevador desceu durante algum tempo, afundando-se cada vez mais no subsolo.

Luke olhou para as pessoas à sua volta. Homens com fatos. Homens com uniformes. Toda a gente limpa, toda a gente bem vestida e toda a gente a ferver de medo e determinação. Em comparação, Luke sentia-se amarrotado, sujo e cansado.

O elevador descarregou-os num corredor vazio. Percorrem-no juntos. Desembocava numa sala de emergência iluminada. A cobrir duas paredes, viam-se ecrãs planos. Cada ecrã podia conter mais de uma dúzia de janelas abertas, cada um com as suas próprias imagens ou informação. Os ecrãs estavam ligados e uma pequena equipa de técnicos trabalhava numa consola touch pad, a carregar imagens e capturas de vídeo nos ecrãs. Num dos vídeos via-se a Casa Branca a arder, rodeada de carros de bombeiros. Vários mostravam mesquitas a arder. Alguns mostravam cenas de celebrações de rua com pessoas a cantar e homens de barba a disparar AK-47s.

Uma imagem rápida chamou a atenção de Luke. Eram apenas alguns segundos de vídeo na entrada principal para a Sala Oeste. Uma mancha negra a mover-se com rapidez, surgia do canto superior direito do ecrã e embatia nas portas da entrada. Um momento mais tarde, uma explosão rebentou à frente da entrada para o relvado. O vídeo repetia-se vezes sem fim em câmara lenta. Mesmo em câmara lenta, não era possível identificar o objeto desfocado.

Um homem jovem vestido com um terno apanhou Luke pelo cotovelo e levou-o para a sala. Mais à frente, uma dúzia de pessoas estavam sentadas em cadeiras com enocostos altos a uma mesa comprida. Outras trinta e tal pessoas–assistentes, pessoal, estrategas, e sabe Deus mais quem–permaneciam encostadas às paredes. O Presidente estava à cabeceira da mesa e a Vice-Presidente ladeava-o.

“Aqui está ele,” Disse o Presidente Thomas Hayes, apontando para Luke com a palma da mão aberta e lisa. Os seus dentes eram muito brancos e perfeitos. Por um segundo, Luke lembrou-se de um apresentador de um programa de televisão que convidava o público a espreitar a Porta #3.

“Pode repetir-me o seu nome?” Solicitou o Presidente.

Cinquenta rostos se voltaram para encarar Luke. Com todos os olhares fixos nele, sentiu-se ainda mais sujo do que antes. “Stone,” Respondeu. “Chamo-me Luke Stone da Special Response Team do FBI.”

O Presidente assentiu. “Este é o homem que salvou as nossas vidas.”

Luke sentou-se na mesa de conferências. Afundou-se no cabedal macio da cadeira. Uma assistente colocou um bolo de maçã embrulhado em plástico à sua frente. Outra pessoa trouxe café num copo descartável. Luke despejou um pacote de natas no café. A luz florescente que provinha de cima conferia à bebida um tom esverdeado.

A unidade havia sido concebida para sobreviver a uma guerra nuclear. A comida que servia também estava concebida para esse propósito.

Um Tenente-Coronel de fato azul do Exército estava em frente do centro do ecrã. Ele indicou imagens no ecrã com um pointer vermelho de laser. “Aproximadamente às 10:54, hora de Leste, a Casa Branca foi atacada com múltiplos dispositivos explosivos, incluindo pelo menos um dispositivo de dispersão radiológica contendo agentes radioativos ainda desconhecidos. A Ala Oeste, incluindo a Sala Oval, foi quase completamente destruída. A Colunata e a Residência Presidencial sofreram grandes estragos. A Ala Este não foi atacada mas sofreu danos colaterais graças à violência das explosões, bem como devido ao fumo e à água.”

“Há notícia de mortes?” Perguntou o Presidente.

O Tenente-Coronel assentiu. “Dezassete mortes confirmadas até agora. Quarenta e três feridos, alguns em estado crítico. Oito pessoas desaparecidas. Na resposta inicial, pelo menos vinte e quatro bombeiros e outro pessoal de emergência estiveram expostos à radiação. Só saberemos a extensão desses danos daqui a alguns dias. Desde as 11:24 aproximadamente, todo o pessoal de emergência e bombeiros das proximidades deverão usar fatos de proteção contra material radioativo de nível um. Como pode imaginar, tal abrandou consideravelmente os esforços no sentido de apagar os fogos e procurar possíveis sobreviventes.”

A sala estava praticamente em silêncio. O homem tossiu discretamente e depois prosseguiu.

“O ataque originou o pânico generalizado. Criámos uma zona de contenção da radiação com um raio de oitocentos metros com a Casa Branca no seu centro. Apenas pessoal autorizado pode entrar. Apesar de neste momento não haver radiação mensurável nos limites da zona, parece que toda a gente na cidade tentou fugir ao mesmo tempo. Entretanto, o sistema de metro em toda Washington, D.C. e áreas circundantes, foi encerrado. As ruas principais e artérias de maiores dimensões da cidade estão encerradas, exceto a tráfego de emergência o que está a criar engarrafamentos maciços nas estradas secundárias.

“Estes efeitos alastraram para fora da região. O serviço Amtrack no corredor entre Washington e Boston foi suspenso e todos os principais aeroportos da região estão encerrados e a ser passados a pente fino. Para além disso, foram atacadas mesquitas em várias cidades e chegam a cada momento notícias de novos ataques a mesquitas. Parece que muitos americanos acreditam que o ataque foi perpetrado por muçulmanos e por isso as pessoas estão a incendiar mesquitas e a atacar muçulmanos como forma de retaliação.”

Foram muçulmanos,” Disparou Luke.

O homem parou. “Desculpe?”

Luke encolheu os ombros. “Foram muçulmanos. As pessoas que fizeram isto.”

O orador olhou para o Presidente que se limitou a acenar afirmativamente.

“É tão claro como a água,” Disse Luke. “A minha unidade foi chamada na última madrugada para investigar o roubo de material radioativo de um hospital de Nova Iorque. Julgo que todos ouviram falar do roubo nas notícias desta manhã. Conseguimos ligar o roubo a uma célula terrorista composta por, pelo menos, dois americanos e um líbio, e coordenada por um diplomata iraniano integrado na missão permanente do Irão nas Nações Unidas em Nova Iorque. Viram esse curto vídeo no ecrã C, o que tem o objeto desfocado a atingir a Ala Oeste? Ou se trata de um drone extremamente veloz ou de um míssil disparado de um drone. O homem em causa tem utilizado uma conta bancária anónima na Grande Caimão para comprar milhões de dólares de tecnologia de drones militares à China.”

Susan Hopkins estava sentada do outro lado da mesa. Observava-o. Luke compreendia o que as pessoas apreciavam nela. Ela parecia ser exatamente o que era – uma modelo a fingir ser a Vice-Presidente dos Estados Unidos. Ao vivo, era ainda mais bela do que na TV.

“Estamos a falar de factos ou de conjeturas?” Perguntou a Vice-Presidente.

“Tudo o que referi são factos,” Respondeu Luke. “Eu e o meu parceiro interrogámos o diplomata esta manhã mas estava a ser protegido pela Segurança Interna por razões que desconheço. Fomos tirados à força do local antes de conseguirmos obter mais informações.”

Ela sorriu e abanou a cabeça. “Foi o incidente de tortura? Fui informada sobre isso no meu voo de Los Angeles esta manhã. Se não fosse tudo o que aconteceu, possivelmente você e o seu parceiro seriam a notícia do momento na América."

Quer fosse pela hostilidade do tom utilizado pela Vice-Presidente, quer fosse devido ao café, Luke começava a despertar. Tinha salvo a vida desta mulher há menos de uma hora. Ser-se caprichoso era uma coisa, mas…

“Interrogámo-lo,” Ripostou Luke. “Ele era um sujeito relutante e havia vidas em jogo, incluindo a sua, a do Presidente e a de todos os que se encontravam no interior da Casa Branca. Acredite quando digo que dadas as circunstâncias, fomos muito brandos com ele. Se tivesse uma bola de cristal, ainda teria ido mais longe.”

Ela acenou com a cabeça. “É muito corajoso da sua parte admitir o que fez tendo em consideração o quanto a tortura é rejeitada nos dias que correm. E também é corajoso da sua parte decidir que se tratou de um ataque muçulmano já que, de momento, ainda não sabemos nada em concreto. De facto, dado o atual estado de relações internacionais, anunciar simplesmente que os iranianos perpetraram o ataque é muito mais do que uma ação de coragem. É perigosamente prematuro.”

“Eu disse que um iraniano organizou o ataque. Ele comprou drones, pagou às pessoas envolvidas. Mantenho o que disse.”

“Tem a noção de que estamos à beira de uma guerra com o Irão e que há membros do Congresso que querem destituir o Presidente se não partirmos para a guerra? Tem a noção que uma guerra com o Irão poderá conduzir a uma guerra com a Rússia?”

Luke abanou a cabeça. “Isso não me diz respeito. Digo-vos apenas aquilo que sei.”

Irrompeu na sala um imenso burburinho.

O Presidente ergueu as mãos. “Ok, ok.” Encarou Luke diretamente. “Diga-nos de uma vez. Não temos que agir com base na sua opinião mas eu pessoalmente gostava de a ouvir. Acredita que o governo iraniano está por detrás deste ataque?”

“Isso está para lá da minha compreensão,” Disse Luke. “O que sei é que um iraniano organizou o ataque. Sei que é um diplomata ligado à missão iraniana nas Nações Unidas. E da última vez que soube, estava vivo e em solo americano.”

O Presidente percorreu a sala com o olhar. “Mais uma vez afirmo que não temos que agir com base nas informações fornecidas pelo Agente Stone. Mas gostaria que ele continuasse a reunir informação e que a partilhasse com este grupo, mesmo que resulte em alguma controvérsia.”

“Poderá não ser fácil eu fazer isso,” Indicou Luke.

“Porquê?”

Luke encolheu os ombros. “Fui suspenso esta manhã. Estou sob investigação por alegadas ilegalidades cometidas na investigação deste caso.”

O Tenente-Coronel olhou para Luke. “É tudo?”

Luke abanou a cabeça. “Também há um mandato para a minha detenção em Baltimore.”

“Por que motivo?”

“Homícidio.”

A sala emudeceu. Todos os olhos estavam novamente postos em Luke.

“Tive um dia muito atarefado,” Desculpou-se.

Возрастное ограничение:
16+
Дата выхода на Литрес:
10 сентября 2019
Объем:
300 стр. 1 иллюстрация
ISBN:
9781632916303
Правообладатель:
Lukeman Literary Management Ltd
Формат скачивания:
epub, fb2, fb3, ios.epub, mobi, pdf, txt, zip

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