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CAPÍTULO 16

07:20

Site R –Blue Ridge Summit, Pensilvânia

“Senhores, vamos iniciar a reunião.”

Catorze homens haviam-se reunido numa câmara silenciosa abaixo da superfície da terra. A câmara estava nua tendo apenas uma grande mesa de conferências no centro, um chão de cimento e paredes e teto de pedra com formas arredondadas. Luzes LED estavam dispostas em pontos esconsos do teto. Vários pequenos respiradores bombeavam ar para o interior da câmara. A total ausência de janelas dava à sala o aspeto de beco sem saída de uma gruta e, na verdade, era disso mesmo que se tratava. Alguém que sofresse de claustrofobia não conseguia ali permanecer cinco minutos.

Não havia qualquer tipo de equipamento áudio ou de gravação na câmara. Um intercomunicador ligado ao sistema de comunicações havia sido removido há uma década. Embutido numa parede estava um monitor de projeção de um antigo computador interativo que a dada altura teria revelado um mapa do mundo e um mapa dos Estados Unidos. Poderia ser utilizado para determinar a localização de contingentes militares, aviões e lançamentos de mísseis. Teoricamente, o aparelho ainda funcionava mas nunca se tinha comprovado se estava, de fact, operacional. Ninguém o ligava desde 1998.

A câmara estava atrás de uma porta de aço de espessura dupla ao fundo de uma passadeira metálica. A passadeira situava-se três andares acima de uma sala de comando e controlo escura e cavernosa que funcionava em permanência com uma pequena equipa de pessoal militar. Esta era a zona mais profunda da extensa instalação, operacional desde 1953 e construída para suster ataques diretos de mísseis balísticos na era nuclear soviética.

Dez dos homens estavam sentados em cadeiras de escritório almofadadas em tono da mesa de conferência. Os homens representavam várias organizações de informação e ramos militares americanos, tanto tradicionais como de operações especiais. Encostados a uma parede, encontravam-se mais quatro homens sentados em cadeiras articuladas. Estes homens representavam quatro indústrias civis abrangentes, nas quais estavam incluídas a exploração de carvão, petróleo e gás natural, banca e finanças, e aeroespacial e defesa.

O grupo operava em segredo, até dele próprio. Ninguém na sala usava marcas distintivas de qualquer espécie. Não havia placas com nomes, indicações de patente ou fitas de combate e medalhas evidentes. Aliás, não havia uniformes. Todos os militares vestiam camisa e calça. Apesar de a maior parte dos homens ali presentes se conhecer minimamente, dois dos homens eram desconhecidos e tinham ligações que não eram claras para o resto do grupo.

Um general de quatro estrelas grisalho, outrora comandante nas Forças Especiais do Exército, estava à cabeça da mesa. Friccionava uma antiga e há muito desvanecida cicatriz na testa.

“Todos me conhecem,” Principiou. “Sabem qual é o meu papel aqui por isso, vou direto ao assunto. Os acontecimentos precipitaram-se rapidamente nas últimas vinte e quatro horas, mais rapidamente do que poderíamos ter calculado. Como resposta a estes acontecimentos e para garantir continuidade na eventualidade de um ataque de maiores dimensões ou perturbação, atualizámos os planos de evacuação para todo o pessoal governamental civil indicado e representantes de relevo eleitos. Os planos estão em vigência deste as 06:00, há cerca de uma hora e vinte minutos e vão permanecer em vigor até indicação em contrário. Tenham por favor em atenção que são diferentes de planos anteriores.”

Olhou para uma solitária folha de papel disposta na mesa à sua frente.

“No decorrer de um ataque ou perturbação, o Presidente Thomas Hayes e a Vice-Presidente Susan Hopkins serão evacuados de helicóptero para a unidade de segurança civil do governo em Mount Weather perto de Bluemont, na Virginia. Caso o Presidente Hayes morra, a Vice-Presidente Hopkins é o número dois na linha de sucessão e fará juramento de posse em Mount Weather. Os membros civis do gabinete, incluindo o Secretário do Tesouro, o Secretário de Estado e o Secretário de Educação, serão evacuados para Mount Weather por helicóptero ou numa coluna militar, dependendo das circunstâncias e da disponibilidade do aparelho. Estes indivíduos representam, respetivamente, os números cinco, seis e oito na linha de sucessão.”

Olhou novamente para as notas.

“Em caso de ataque, o Presidente da Câmara dos Representantes será evacuado de helicóptero para esta instalação, Site R. O Presidente é atualmente William Ryan da Carolina do Norte. Em caso de morte do Presidente e da Vice-Presidente, o Presidente Ryan é o número três na linha de sucessão e fará aqui juramento de posse.”

Percoreu a sala com o olhar, e os presentes, por sua vez, devolveram-lhe essa atenção.

“Em caso de ataque ou perturbação, o Presidente do Senado entrará a bordo da aeronave do Airborne Communications Command, nome de código Nightwatch, na Base Conjunta Andrews. A aeronave permanecerá a uma altitude de cruzeiro de quarenta mil pés, escoltada por aviões de combate durante o tempo que durar a crise. No caso improvável das mortes do Presidente, da Vice-Presidente e do Presidente da Câmara dos Representantes, o Presidente do Senado é o número quatro na linha de sucessão e fará o juramento de posse a bordo da aeronave. O Presidente do Senado é o Senador Edward Graves do Kansas, atual Presidente do Comité Congressional das Forças Armadas.”

Uma mão levantou-se. O general reconheceu um homem muito mais velho do que ele, um antigo almirante da Marinha, um homem tão antigo que há muito tempo atrás comandara uma unidade de Fuzileiros pela terrível tempestade de Pusan Reservoir adentro no início da Guerra da Coreia. Havia uma fotografia icónica do acontecimento que nunca fora tornada pública mas à qual o general tivera acesso. Mostrava o almirante com dezanove anos, de tronco nu numa trincheira lamacenta, de olhos vivos, com o rosto e o tronco tingidos do vermelho escuro do sangue dos comunistas mortos.

“Sim?”

“Não mencionou o Secretário de Defesa. Em condições normais, estaria a bordo do Airborne Command.”

O general encolheu os ombros. “O Secretário de Defesa virá para aqui.”

“Antevê algum problema?”

O general pegou no papel que tinha à sua frente e começou a rasgá-lo em tiras longas e estreitas. “Não antevemos,” disse, “qualquer problema.”

CAPÍTULO 17

07:40

Centro de Comando Conjunto de Contraterrorismo – Midtown Manhattan

“Como raios é que o Begley soube onde estávamos?”

Luke estava à porta da pequena sala reservada à SRT no centro de comando. Trudy e Swann estavam lá juntamente com uns quantos tipos da delegação de Nova Iorque. Fixavam-no com grandes olhos de corça. Alguém naquela sala estava a armar-se em inocente. Isso, acima de tudo, fez com que Luke ficasse furioso.

“O quê?” Perguntou Trudy.

“O Begley. Apareceu no apartamento do iraniano com a polícia. Ninguém o chamou. Limitou-se a aparecer. Como é que isso aconteceu?”

Swann abanou a cabeça. Fez um gesto na direção das máquinas. “Esta treta está encriptada. Estou a trabalhar na minha rede. É impossível que o pessoal do Begley quebrasse o código em tão pouco tempo.”

“Trudy?”

Ela ergueu as mãos no ar como se ele lhe estivesse a apontar uma arma. “Nem penses, Luke. Não vás por aí. Eu desprezo o Begley. Pensas que te denunciaria a ele?”

Ed passou por ele e entrou na sala. “Acho que tens que te concentrar, meu. Não vale a pena tentar ver coisas onde elas não existem. Não acredito que alguém daqui te tenha denunciado.”

Luke abanou a cabeça. Ed tinha razão. “Tudo bem.” Aproximou-se de Swann e colocou o que tinha nos bolsos em cima da sua mesa. “Copiei o disco rígido do computador dele. Isto é o telemóvel do Nassar. Quero que retires os dados que contém e que depois o destruas e o faças desaparecer. Faz isso primeiro.”

Swann encolheu os ombros. “Mas eles vão saber. É um iPhone. Vão localizá-lo e chegar a nós. Se calharam já o fizeram.”

“Tudo bem,” Disse Luke. “Vamos é tentar não tê-lo connosco quando o vierem procurar, ok?”

“Ok, Luke.”

Luke relenceou a entrada da porta como se estivesse à espera que Begley ali aparecesse. “O que é que encontraste na conta bancária?”

“Muita coisa. Ali Nassar é um homem ocupado. Há montes de transações naquela conta. O dinheiro entra e sai. Genebra, Nassau, Teerão, Paris, Washington. Muitas transações são anónimas e impossíveis de rastrear. Bem, não impossível, mas levaria sempre mais tempo do que aquele que temos.”

“Alguma coisa particularmente interessante?”

“Vejam isto. Nos últimos seis meses, Nassar pagou mais de oito milhões de dólares a qualquer coisa denominada China Aerospace Science and Technology Corporation, uma empresa propriedade do governo chinês. Constroem drones robóticos de escala militar, cenas super avançadas. Os drones podem transportar mísseis terra-ar e bombas, fazem vigilância, ligações de dados por satélite, é só escolher. E a China vende-os baratinhos a pessoas de reputação duvidosa. À Coreia do Norte, por exemplo. Ditadores africanos. Agentes não estatais. O drone CH-3A deles é semelhante em capacidade ao nosso MQ-9 Reaper mas custa menos de um milhão de dólares. Estão a perceber?”

Luke percebia. “É possível colocar uma bomba suja a bordo de uma dessas coisas e, digamos… despenhá-lo contra alguma coisa?”

Swann fez um trejeito com a boca. “Talvez. Mas não te esqueças que seria difícil fazer sobrevoar um drone grande com carga numa área como Manhattan devido aos muitos edifícios altos que tem. Não se trata de drones de brincar. São grandes, com asas de dez metros, dependendo do tipo. Estes drones precisam de espaço para serem manobrados. Decolam, voam e aterram como aviões. Têm um alcance de cinco quilómetros mas se voarem tão alto, o controlo de tráfego aéreo deteta-os no radar num instante.”

Luke tocou no disco rígido que continha os ficheiros de Nassar. “Vê o que é que ele tem aqui.”

“Antes ou depois do telefone?”

“Primeiro o telefone, mas mexe-te.”

Swann suspirou. “Neste trabalho, nunca ninguém me disse para ser lento. Relaxa, Swann. Leva o tempo que for preciso e faz um trabalho rigoroso. Isto são palavras que eu nunca ouço.”

“Se queres ouvir essas palavras mágicas, talvez seja melhor procurares trabalho no setor privado.”

Swann fez uma careta. “O quê? E ganhar cinco vezes mais? Nem quero saber disso.”

“Luke?” Chamou Trudy.

Ele virou-se para ela que, de olhos muito abertos, lhe passou um telemóvel.

“É o Don,” Disse. “Para ti.”

CAPÍTULO 18

Luke segurou no telemóvel e foi até ao corredor. O barulho de vozes chegava-lhe vindo da sala de controlo principal. Ele não queria atender esta chamada. Em parte porque não queria ir para casa, não agora, não depois de tudo o que tinha acontecido nessa manhã, não quando tanto estava em jogo. Mas havia algo mais.

Luke lembrava-se do dia em que conhecera Don. Luke era um capitão do Exército com vinte e sete anos. Era capitão há seis meses e acabara de entrar para a Força Delta, a unidade especial de elite de operações e contraterrorismo do Exército. Era o seu primeiro dia e Luke estava nervoso. Don era o seu novo comandante. Don estava a dar algumas instruções enquanto Luke estava em frente à sua secretária.

“Sim senhor, Coronel,” Disse Luke a dada altura.

Don suspirou profundamente. “Filho, vamos ver se nos entendemos. Já não estás no Exército regular. Isto aqui é a Força Delta. Vamos viver juntos, vamos lutar juntos e um dia podemos morrer juntos. Por isso, ou me chamas Don ou me chamas Morris. Até me podes chamar de idiota. Não quero saber. Mas não me trates por senhor e Coronel. Reserva isso para quando tiveres que lidar com outros ramos militares. Percebeste?”

“Sim…” Luke parou no momento em que ia dizer senhor outra vez. “Don.”

Don sorriu. “Ótimo. Idiota virá a seu tempo.”

Anos mais tarde, quando Don deixara a Força Delta para formar a Special Response Team, Luke estava entre os primeiros que entraram na equipa.

“Don?” Falou Luke.

“Luke. Como é que te está a aguentar?”

“Bem. Estou bem. Como correu o briefing?”

“Ainda não se realizou. Saímos do helicóptero há dez minutos. Parece que vou ficar por aqui um bocado antes que alguma coisa aconteça. Sabes como são estas coisas. Despacha-te e espera.”

“Certo,” Respondeu Luke.

“Acho que me vão encostar à box,” Previu Don.

Luke concordou. “Pois, eu sei.”

“O Diretor chamou-me há pouco. O chefe do Ron Begley na Segurança Interna chamou-o. Já soube o que aconteceu com o diplomata.”

“Don, se calhar exagerei. Se deixares a SRT por causa disso, vou-me sentir mal. Mas não me arrependo de o ter feito.”

“Calma, filho. Porque é que achas que te chamei a noite passada? Para que seguisses as regras do jogo? Se eu quisesse isso, tinha-te deixado a dormir. Temos muitos desses tipos no governo, mais do que precisamos. Não, não estou preocupado com isso. Não esperava outra coisa de ti.”

“O Begley sabia onde é que eu estava,” Disse Luke. “Entrou alegremente na companhia dos polícias da cidade.”

“Claro que sabia. Detetámos uma fuga interna há já algum tempo. Seis meses, talvez mais.”

Luke passou a mão pelo cabelo. Uma fuga eram más notícias. Olhou para ambos os lados do corredor. Ao fundo, um pequeno grupo de agentes de informação estavam reunidos, a sussurrar tranquilamente. Um deles olhou na direção de Luke e depois cobriu os lábios com a mão.

Luke estava a ficar cansado. Tinha que encontrar a sua mala. Já era tempo de tomar qualquer coisa para o despertar.

“Quem é?” Questionou-o Luke.

Don parecia relutante em falar. “Luke…”

“Vá lá, Don. Já sou um rapazinho crescido. Eu aguento.”

“Ainda não descobri mas tenho as minhas suspeitas. O destino da SRT já está traçado há meses e temos algumas pessoas que gostariam de saltar borda fora antes de afundarmos.”

“Por exemplo?”

“Trudy Wellington.”

“Don…”

Don interrompeu-o. “Claro. Já sei o que vais dizer. É o nosso melhor elemento de informação. Quanto a isso, tens razão. E dormiste com ela durante uns tempos. Sei isso tudo. Mas é mais do que isso. Contei algumas coisas à Trudy que não devia. Conversa de travesseiro, sabes como é. Receio ter tornado a SRT num livro aberto para alguns. Acredita, sinto-me um idiota.”

Luke não respondeu. Não se conseguia lembrar de nada para dizer.

“Luke, sinto-me velho.”

“Don—“

“Pode haver outros,” Prosseguiu Don. “Para além da Trudy. Vieram a lume coisas que ela não podia saber. Vasculhávamos o quartel-general à procura de escutas todas as semanas. Encriptámos todas as nossas comunicações. A nossa rede está fechada. E mesmo assim…”

Por um momento, baixou o tom de voz.

“A SRT tornou-se num ninho de vespas, Luke. Já não confio em ninguém. Sabes que mais? Uma das razões porque te chamei ontem à noite foi porque queria trabalhar contigo outra vez e derrotar os maus da fita uma última vez.”

Luke respirou fundo. Pressentia que aquela chamada podia durar mais uma hora e ele não diria nem mais uma palavra.

“Chegámos à parte por que esperavas,” Anunciou Don. “Sabes que não tenho nada a ver com isto, são ordens superiores.”

A voz de Don mudou. De repente, parecia estar a ler umas notas previamente escritas. “Luke, és suspeito de cometer múltiplos delitos durante a execução dos teus deveres. Como tal, e com efeitos imediatos, estás suspenso do comando da Special Response Team. Estás suspenso e a aguardar o resultado de uma investigação. Podes ser intimado a testemunhar a teu favor. O teu salário e benefícios permanecerão intactos neste período mas é condicional e depende da tua total cooperação no curso da investigação.”

Finalmente Luke encontrou forças para responder. “Eu estava de licença,” Disse.

“Tu foste o melhor investigador, o melhor agente de contraterrorismo e um dos melhores soldados com quem já trabalhei,” Disse Don. “Entrega por favor o teu distintivo e a tua arma de serviço à Trudy. Quaisquer armas particulares que tenhas contigo necessitarão de uma licença de porte e uso de arma, se tiveres.”

“Tenho,” Afirmou Luke.

“Lamento tudo isto, Luke. Acredita que lamento.”

A chamada terminou. Segundos mais tarde, Luke já não se lembrava de como se tinha despedido. Talvez tivesse apenas desligado. Permaneceu algum tempo no corredor com o telefone ainda colado ao ouvido. Depois regressou ao gabinete. Parecia não controlar as pernas e os pés estavam como que ausentes.

Trudy estava lá a fixá-lo.

“O que é que o Don disse?”

Sentiu uma tempestade de emoções a agitar-se dentro dele mas tinha que se controlar. Ele não queria ser aquela pessoa. Invejoso. Zangado. Ferido. Mas era ele. Ele era essa pessoa. Ele era um homem casado e no entanto, sentia desejo por aquela mulher. Pensava que havia algo entre eles. A ideia de que ela estava apenas a manipular… A ideia de que também estava com o Don, talvez até ao mesmo tempo… Com quem mais tinha estado? Onde passava segredos da agência? Precisava de tempo para digerir aquilo tudo.

Luke fingiu um sorriso e, por si só, o sorriso acalmou-o um pouco. Quase parecia real. “O Don disse para me aguentar e continuar o bom trabalho. Querem suspender-me mas ele está decidido a ripostar. Sabes como é o Don.”

“A sério?” Perguntou Trudy. “Ele decidiu contestar a tua suspensão?”

Era fácil ler o que lhe ia nos pensamentos. Ela não acreditara numa palavra do que ele dissera.

“Pois,” Disse Luke. “Ele mudou de opinião enquanto falávamos. Ele sabe que não está certo. O Don e eu conhecemo-nos há muito e ele não se esquece disso. Por isso, ainda estou em jogo, pelo menos por enquanto. Que tens para mim?”

Ela hesitou. “Bem…”

Luke estalou os dedos. “Trudy, estamos encurralados. Temos que nos manter à tona. Carrinhas, camiões, o que se passa com tudo isso?”

Ela agarrou no smartpad. “Houve movimentações. Os polícias locais trataram do camião de cachorros quentes. Tinhas razão. O russo tinha em funcionamento um restaurante de serviço completo para proxenetas e prostitutas. Cachorros quentes, salsichas italianas, batatas fritas, Red Bull, Pepsi, Mountain Dew. E também Oxycontin, metamfetamina, ecstasy, tranquilizantes, diazepam… tudo e mais alguma coisa. Encontraram-no nas traseiras da carrinha num colchão com duas prostitutas. Mas não fiques excitado. Estavam a dormir vestidos.”

“Que mais?”

“A ambulância roubada apareceu no parque de estacionamento de um armazém de carne em Newark, New Jersey. A polícia de Newark foi lá. Horrível. O armazém também fazia as vezes de instalação de armazenamento de órgãos humanos, sobretudo fígados e rins. Numa sala dos fundos, encontraram dois pares de pulmões mantidos vivos dentro de umas cúpulas de plástico. Um aparelho insuflava ar para o interior dos pulmões e os pulmões respiravam. Um polícia descreveu aquilo como”–olhou para o smartpad–“como gigantes asas de carne cor-de-rosa.”

“E a carrinha da lavandaria?”

“Até agora nada. Ligámos à empresa, Dun-Rite Laundry Services. O dono estava lá. Dirigiu-se ao exterior e contou as carrinhas. Disse que estavam lá todas. Vinte e uma carrinhas. Também disse que só usavam carrinhas step-up, comprou uma frota inteira de carrinhas de pão convertidas. Não usam pequenas carrinhas de distribuição como a que encontrámos no vídeo. Convidou-nos a mandar lá alguém para confirmarmos.”

“E fizemos isso?”

Trudy assentiu. “Temos um agente a caminho neste preciso momento.”

“Então alguém copiou o logótipo da empresa e colocou-o na carrinha.”

“Sim. E a Dun-Rite tem contrato com o Center. Por isso, uma carrinha com o logótipo não levantaria suspeitas se estivesse estacionado no hospital.”

“Temos que encontrar essa carrinha,” Disse Luke.

“Estamos à procura, Luke.”

“Procurem melhor.”

Afastou-se de Trudy. O movimento foi abrupto e demasiado revelador. Transmitiu-lhe tudo o que precisava de saber. Dirigiu-se ao posto de trabalho de Swann que ainda trabalhava em três monitores em simultâneo.

“O que tens, Swann?

“O enredo adensa-se,” Revelou Swann. “Ali Nassar tem uma pasta inteira no computador dedicada à tecnologia dos drones. Tem ficheiros PDF com brochuras a cores. Tem centenas de fotos e vídeos com o seu desempenho. Tem folhas de cálculo com comparações de especificações, cargas, armas, velocidade, altitude. Das duas uma: ou está a comprar drones ou a está escrever uma tese sobre eles.”

“E o telefone?”

Swann abanou a cabeça. “O telefone. O histórico de chamadas foi apagado. Tem uma app que apaga o histórico automaticamente. Só o podemos recuperar se formos à operadora dele com um mandato.”

“Não consegues piratear?”

“Poder, podia mas para quê? Demoraria doze horas e nessa altura o que quer que vá acontecer, já teria acontecido. De qualquer das formas, temos um assunto mais urgente. Logo após a meia-noite de ontem, o Nassar comprou um bilhete de ida para a Venezuela. O voo está marcado para as 14:30 do JFK diretamente para Caracas em classe executiva. O cartão de embarque estava no telemóvel. O recibo e uma cópia extra do cartão de embarque estavam no disco rígido do computador.”

“Venezuela?” Perguntou Luke.

Swann encolheu os ombros. “Não temos um tratado de extradição com a Venezuela.”

“Muito bem, mas porque não ir para o Irão?”

Swann virou-se. Os seus olhos chispavam atrás dos óculos. “E se os ataques falharem? Que eu saiba ainda existem pelotões de fuzilamento no Irão. E isso dá um sentido completamente diferente a um despedimento por incompetência.”

“A questão é que ele vai deixar o país,” Disse Luke.

“Pois vai. Hoje,”

“E comprou o bilhete mais ao menos na mesma altura em que alguém roubava resíduos radioativos.”

Swann acenou com a cabeça. “Penso que o comprou logo depois de saber que tinham conseguido roubar o material.”

“Apanhámo-lo,” Disse Luke. Deu uma palmada no ombro de Swann. “Bom trabalho.”

Quando Luke se virou, Begley estava à entrada da porta. Dois homens musculados de fato estavam com ele. Luke olhou em redor da sala. Ed Newsam estava a um canto junto à janela, a observar a rua e a beber uma garrafa de sumo de laranja. Trudy estava a trabalhar no smartpad e a falar ao telemóvel. Alguns tipos da SRT estavam sentados à secretária, entretidos com os portáteis.

“Porque é que estás aqui, Stone?” Perguntou Begley. A sala ficou em silêncio quando ele falou. Toda a gente se virou para ele.

Luke sorriu. “Ron, por uma vez na vida estou contente por te ver. Tivemos um avanço. O Ali Nassar fez uma transferência de 250,000 dólares de uma conta offshore para o Ken Bryant, o porteiro morto do Center. O Nassar tem gasto milhões de dólares em drones de escala militar. E a noite passada, enquanto os ladrões roubavam o material radioativo, ele reservou um bilhete de avião para a Venezuela para esta tarde.”

Begley abanou a cabeça. “Nada disso me impressiona.”

“Temos que o prender, Ron. Não o podemos deixar sair do país. Se ele chegar à Venezuela, vai ser difícil trazê-lo de volta.”

Begley olhou para Ed. “Com que então uma convulsão, Newsam? É engraçado. Pedi que verificassem os teus registos pessoais e não tens qualquer problema do tipo. Aliás, nem sequer foste ferido no Afeganistão.”

Ed mal se mexia. Levantou o dedo indicador. “Incorreto. Fui ferido duas vezes. Costelas partidas, uma concussão e um braço partido quando o nosso Humvee foi atingido por um IED. O tipo ao meu lado perdeu a perna.” Encolheu os ombros. “Noutra ocasião fui atingido nos músculos da barriga da perna. A bala arrancou um bom pedaço. Queres ver?”

Begley permaneceu calado.

“De qualquer das formas, parecem-me ferimentos. Tenho dois Purple Hearts por isso penso que o Tio Sam concorda.”

“Quis dizer que nunca tiveste nenhuma lesão cerebral.”

Ed olhou novamente pela janela. “Isso é diferente.”

“Estás a ouvir-me, Begley?” Perguntou Luke. “Apanhámos o homem que financiou a célula terrorista. E sabemos qual o sistema adotado. É um ataque com drone, o que significa que o mais provável é não acontecer aqui. Não há espaço em Manhattan para manobrar esse tipo de drones. Estamos perante um ataque muito específico, uma bomba suja destinada a um local em concreto e transportada por um drone. E o drone provavelmente voará a baixa altitude, abaixo da deteção por radar.”

Begley sorriu. “Não fazes ideia do que estás a falar, Stone. Isto até teria a sua piada se não estivesses tão certo disso. Temos as informações de que precisamos. Sabemos quais são os alvos. Lembras-te de Ibrahim Abdulraman? O homem sem impressões digitais? Tem um primo preso no Egito e estão a interroga-lo há mais de uma hora.”

“A torturá-lo,” Atirou Stone.

“Não é muito diferente daquilo que fizeste, pois não?”

“É diferente,” Ripostou Stone. “Partimos os dedos de um homem para conseguir a palavra-passe do computador, informação instantaneamente verificável.”

“Há três possíveis alvos,” Disse Begley. “O alvo escolhido depende do critério dos terroristas e das condições do local a ser atacado. O primeiro alvo é o restaurante do piso subterrâneo do Grand Central Terminal durante a hora de almoço. Está sempre apinhado de gente. Pensamos ser o cenário mais provável. Temos homens com detetores Geiger em todas as entradas do terminal.”

Luke abanou a cabeça. “Não podes ter a certeza. Eles submergem-nos em água no Egito, sabes bem isso. Eletrocutam-nos. Penduram-nos dos pulsos. Empalam-nos com barras de ferro. Os suspeitos dizem qualquer coisa só para que parem.”

Begley continuou, ignorando Luke. “O segundo alvo mais provável é o comboio PATH de Hoboken para Manhattan. Esses comboios estão sempre cheios e deslocam-se debaixo do Rio Hudson durante algum tempo. Mesma coisa. Temos detetores Geiger em todas as entradas em ambas as margens do rio. O terceiro alvo implica causar um acidente de viação no Túnel Midtown e depois fazer explodir a bomba. Estamos a revistar todos os carros em ambos os lados do túnel embora este seja o alvo menos provável. Existem demasiadas variáveis em jogo para tornar o ataque fiável. Percebes o que quero dizer, Stone? Temos tudo sob controlo.”

“Estás enganado, Begley. Não podes confiar em informação conseguida pela tortura.”

“Não. Estás enganado. Sabes porque é que te falei nos alvos? Para que te capacitasses do quão enganado estás. Tens perseguido fantasmas. Estás fora da jogada e suspenso por isso, vai para casa e deixa que os adultos lidem com isto, ok?”

Begley voltou para os dois homens que o flanqueavam. “Quero que este homem e aquele que está ao pé da janela sejam acompanhados para fora do edifício. Dêem-lhes três minutos para reunirem objetos pessoais e depois tirem-nos daqui.”

Begley saiu, deixando atrás de si um rasto de silêncio.

Luke estava no centro da sala a olhar para os dois homens que o iriam escoltar para fora dali. Os homens observavam-no com os rostos impassíveis. Luke olhou em redor da sala. Todos tinham os olhos fixos nele.

Возрастное ограничение:
16+
Дата выхода на Литрес:
10 сентября 2019
Объем:
300 стр. 1 иллюстрация
ISBN:
9781632916303
Правообладатель:
Lukeman Literary Management Ltd
Формат скачивания:
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