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CAPÍTULO QUATRO

Chloe abriu a pasta do assassinato de Jessie Fairchild assim que chegou à delegacia. Nolan havia lhes dado uma sala que outrora pertencera a um oficial assistente, que fora demitido por conta de corte de gastos. Alguns dos pertences do ex-assistente ainda estavam na sala, o que fez com que Chloe sentisse que não pertencia àquele lugar.

Mesmo assim, ela sentou-se e começou a estudar os arquivos. Ficou impressionada ao ver quão organizados eles estavam. Aparentemente, o oficial Nolan tinha talento para organização e detalhes.

Além do relatório básico da polícia, que incluía tudo o que Nolan já havia lhes contado na casa dos Fairchild, havia muitas fotos do corpo da vítima. Ela estava completamente vestida, na cama. Sua cabeça estava caída para a esquerda, com seus olhos abertos olhando na direção da piscina de sangue que havia se formado ao redor de sua cabeça. A característica mais marcante do corpo, no entanto, era o corte enorme no centro do pescoço.

As fotos deviam ter sido tiradas algumas horas depois do crime, porque a maior parte do sangue ainda não havia secado. Chloe pode ver que o sangue estava começando a endurecer, mas ainda era novo. O corte em si era horrível. Era grande e grotesco, uma linha reta que parecia ter serrado até a carne. Chloe também viu leves indicações de que algo havia sido colocado em volta do pescoço da vítima, ainda que fosse difícil ter certeza pelas fotos.

Sem ver o corpo, ela precisaria acreditar nos peritos. E se o que estava vendo fosse de fato um sinal de que algo havia sido colocado em volta do pescoço da vítima, isso faria total sentido com a estola, vista em outras fotos.

Chloe também viu a foto do anel de diamante que fora usado para fazer o corte. Estava no criado-mudo. O assassino não havia tentado limpá-lo nem escondê-lo. Para Chloe, o assassino estava tentando enviar uma mensagem.

Mas que mensagem?

- O anel está me perturbando – Rhodes disse. – Por que colocar ali no criado-mudo? Ele está provocando? Talvez tentando nos dizer algo?

- Eu estava pensando a mesma coisa. Acho que o anel tem algum significado especial. Por que esse anel? Parece um desses anéis desses combos de noivado e casamento.

- Também parece ser bem caro – Rhodes acrescentou.

- Tem algum simbolismo nisso. Você não deixa um anel cheio de sangue acidentalmente no criado-mudo depois de usá-lo para matar alguém.

- Então você acha que o assassino está tentando dizer algo?

- Pode ser. Pode ser também que—

Chloe foi interrompida pelo toque de seu telefone. Ela o pegou, imaginando que fosse Johnson, querendo confirmar que elas haviam chegado. Mas ao ver a palavra “PAI” na tela, arrepiou-se. Uma onda de raiva subiu por seu corpo, junto com uma pontada de medo.

Chloe ignorou a ligação e colocou o telefone com a tela para baixo na mesa. Ao retornar sua atenção para a pasta a sua frente, foi difícil se concentrar.

- Você está bem? – Rhodes perguntou.

- Sim, por que?

- É que você olhou para o telefone como se alguém tivesse te xingado, ou algo do tipo.

Chloe encolheu os ombros.

- Problemas pessoais.

Rhodes assentiu, claramente sem querer se intrometer.

- Problemas pessoais são uma merda.

Enquanto Chloe ainda tentava retomar sua concentração, alguém bateu na porta. Quando ela se abriu, o oficial Nolan apareceu. Ao abri-la completamente, ele revelou outro homem, atrás de si. Esse homem parecia muito mais velho, com um bigode corpulento e grisalho que fez Chloe lembrar-se de uma morsa.

- Agentes - Nolan disse, – esse é o comandante Clifton.

Clifton entrou na sala e olhou para as duas, assentindo em apreciação. Ele olhou para a pasta, aberta na mesa e mostrando uma das fotos do corte bizarro no pescoço de Jessie Fairchild, e logo desviou o olhar.

Chloe e Rhodes apresentaram-se rapidamente e Nolan entrou na sala atrás de Clifton, fechando a porta.

- O oficial Nolan pode dar todas as informações que vocês precisavam? – Clifton perguntou.

- Com certeza – Chloe respondeu. – Ele ajudou muito.

- Tem algo mais com o que eu possa ajudar?

- Bom, já que aquela casa é tão grande, eu imagino que haja um sistema de segurança. Isso já foi buscado?

- Na verdade, sim – Nolan disse. – O marido dela nos deu as senhas para nós podermos acessar o sistema.

- E ele não recebeu nenhum alerta do alarme sendo acionado?

- Nada.

- Temos algum relatório disso? – Rhodes perguntou.

Nolan e Clifton assentiram juntos.

- Vou conversar com a empresa de segurança – Nolan disse.

- Além disso, obviamente nós queremos falar com o marido – Chloe disse. – Oficial, você disse que ele estava em algum lugar nas montanhas, com o irmão, certo? Tem ideia que quando ele volta?

- Não. Ele não disse.

- Eu gostaria muito que ele estivesse aqui, na cidade – Chloe disse.

- Você suspeita dele?

- Não necessariamente. Mas é o homem mais próximo da vítima. – Chloe não pôs um tom acusatório em sua voz, mas achava uma irresponsabilidade da polícia ter deixado o marido da vítima sair da cidade.

- Vou conversar com ele pelo telefone. Ele vai me atender bem. Se ele souber que o FBI está no caso para ajudar a pegar o assassino, ele pode querer voltar bem rápido.

- Uma última coisa – Chloe disse. – Eu sei que você disse que os Fairchild são novos no bairro. Mas você sabe se Jessie Fairchild tinha algum inimigo? Algum sinal de reclamações sobre ela e o marido, ou talvez deles sobre outras pessoas?

- Não, nada do tipo – Clifton disse. – Mas aquele bairro... enfim, a região inteira... é meio problemática. Recebemos ligações de vez em quando. Esposas com ciúme querendo flagrar os maridos em affairs que não existem, proprietários de casa tentando ferrar os vizinhos porque o cachorro cagou quintal deles. As pessoas naquele bairro se acham muito.

- Perdão por perguntar, mas por que você está nos dizendo isso? – Rhodes perguntou.

- Por que mesmo não ousando dizer que Jessie Fairchild tinha inimigos, eu posso praticamente garantir que havia mulheres no bairro que pelo menos tinham inveja dela. É um bairro muito mal-humorado. Eu sei que não é a melhor coisa para um comandante dizer, mas é a triste verdade.

- Bom, podemos dizer que existem várias possibilidades nesse caso – Chloe disse. – Se as mulheres são como você está falando, deve ter muita fofoca envolvida também. Talvez elas já saibam de coisas que possam nos levar na direção correta.

Clifton riu e encolheu os ombros.

- Te desejo sorte nisso.

Chloe sabia o motivo do comentário, mas irritou-se com palavras que não ajudaram em nada.

- Por enquanto, eu gostaria do contato da diarista que encontrou o corpo.

- Nós já falamos bastante com ela – Clifton disse. – Você pode olhar nossas anotações. – Ele não estava necessariamente sendo defensivo, mas queria que ela tivesse certeza de que eles não eram totalmente inúteis. Chloe imaginou se aquilo teria relação com o fato dele ter percebido que não deveria ter deixado o marido da vítima sair da cidade logo após o crime.

- Mesmo assim, eu acho que gostaria de falar com ela pessoalmente.

Clifton cruzou os braços, mas assentiu.

- Vou lhe passar as informações em breve – ele disse, e sorriu antes de continuar: - Foi um prazer conhecer vocês, agentes. – Então, abriu a porta e saiu.

Nolan encolheu os ombros e disse:

- Ele fica assim. Especialmente quando tem que trabalhar com o FBI ou outros órgãos... Problemas de controle... cá entre nós.

Chloe fez um gesto como se estivesse fechando sua boca com um zíper.

- Entendi. Agora... se pudermos ter o contato da diarista, eu gostaria de encontrá-la antes que seja tarde demais.

CAPÍTULO CINCO

Rosa Ramirez morava em um apartamento nos limites da parte mais agradável do centro da cidade. Ao atender a ligação de Nolan, ela pareceu muito animada em ajudar Chloe e Rhodes. Quando as agentes chegaram ao apartamento, às 4:30, ficou claro que ela havia arrumado o local para esperá-las. Havia até café e biscoitos na mesa de centro.

- Senhora Ramirez – Chloe disse, - há quanto tempo você trabalha para os Fairchild? Pelo que eu soube, eles chegaram no bairro há cerca de cinco semanas.

- Isso mesmo. Eu respondi um anúncio que vi na internet. Foi cerca de uma semana antes mesmo deles se mudarem. Eles queriam tudo arrumado e pronto quando se mudassem. E isso incluía uma diarista. Eu ajudei até a desfazerem a mudança.

- Eles pareciam felizes com sua ajuda?

- Sim. Ficou claro que eles não estavam muito acostumados com pessoas dispostas a ajudar.

Chloe serviu café a si mesma, mesmo que geralmente tentasse manter os níveis de cafeína baixos em seu corpo. Ela queria que Rosa se sentisse confortável. Uma testemunha ou um suspeito confortáveis sempre tinham mais chances de enxergar verdades que nem sequer tinham percebido.

- Houve alguma discussão ou conversa mais ríspida entre você e os Fairchild? – Rhodes perguntou.

- Não, nenhuma. Sinceramente, eu pedi um valor um pouco maior do que eu geralmente cobro, e não houve nem negociação. Nenhum dos dois jamais disse algo negativo para mim.

- E entre os dois? – Chloe perguntou. – Você chegou a vê-los discutindo?

- Não. Eu tentei pensar nisso, mas não consigo lembrar de nada. Mas é bom lembrar que, nas cinco semanas que eu trabalhei para eles, eu só vi os dois juntos duas vezes. Mark geralmente estava viajando a trabalho.

- Alguma ideia de para onde ele ia nessas viagens a negócio?

- Por tudo. Mas acho que principalmente para a costa leste. Boston, Washington, Nova York.

- Você sabe se Jessie achava isso ruim?

- Se achava, ela escondia muito bem. Ela se mantinha ocupada. Tipo, muito ocupada. Não sei nem se ela tinha tempo para perceber que o marido estava ausente.

- Ocupada como? – Rhodes perguntou.

- Bem, o bairro onde eles moram tem várias pessoas importantes. Ou, sendo sincera, pessoas que acham que são importantes. Jessie já estava tentando encontrar seu lugar nesse meio. Ela estava tentando participar de todos os círculos sociais... clubes, fundações, querendo ajudar na organização de eventos de gala, esse tipo de coisa.

- Ela entrou oficialmente em algum desses grupos?

- Não que eu saiba.

- Senhora Ramirez, tenho certeza que você entende que eu preciso perguntar onde você estava mais cedo no dia que encontrou o corpo de Jessie Fairchild.

- Claro, claro – ela disse, deixando escapar um suspiro. – Era sexta. E nas sextas, eu tiro a manhã livre. Às vezes eu só durmo até tarde e vejo alguns programas de TV. Outras vezes, resolvo alguns problemas. Mas na última sexta, na verdade, eu estava na biblioteca em boa parte da manhã.

- Alguém lhe viu? Alguém poderia confirmar isso?

- Sim. Eu estava doando alguns livros velhos. Doei vários para o projeto ‘Amigos da Biblioteca’. Levei-os até lá e até ajudei a bibliotecária a organizá-los.

- Você lembra que horas eram quando você estava lá?

- Claro. Cheguei lá logo depois das dez e meia, eu acho. Fiquei lá até onze e pouco. Depois fui até a casa dos Fairchild.

- Você parou em algum outro lugar no caminho?

- Sim. No Wendy’s, para comprar meu almoço.

- E quando você chegou na casa... você viu algo estranho ou fora do normal?

- Absolutamente nada. A primeira coisa estranha que eu vi foi Jessie, na cama, com sua roupa de corrida.

- Ficamos sabendo pela polícia que o marido dela estava na cidade... e não viajando. Você sabe se isso é verdade?

- Acho que sim. Geralmente eles me dizem quando Mark vai viajar. Mas pelo que eu sei, ele estava no escritório local na sexta. Eu cheguei lá por volta de onze e meia... o que significa que ele provavelmente tinha saído cerca de três ou quatro horas antes de eu chegar lá.

- Senhora Ramirez – Rhodes disse, - você acha que tem alguma chance de Mark ter matado a esposa?

Rosa balançou a cabeça, confiante.

- Não. Digo, eu sei que nada é impossível, mas eu duvido muito. Ele é um cara do bem. E era muito gentil e brincalhão com ela. Os dois tinham cinquenta e poucos anos... o tipo de casal que ainda se dá as mãos. Eu até vi ele batendo na bunda dela, de brincadeira, uma vez, como se fossem recém-casados. Eles pareciam muito felizes.

Chloe pensou em tudo aquilo. Ela estava certa de que Rosa não tinha nenhuma relação com a morte de Jessie Fairchild. Os álibis da diarista precisariam ser checados, mas Chloe sabia que seria uma perda de tempo.

- Obrigada pelo seu tempo – Chloe disse, terminando seu café com um gole grande. Ela deu a Rosa um de seus cartões de visita no caminho até a porta. – Por favor, entre em contato comigo se você se lembrar de algo a mais.

Rosa assentiu ao abrir a porta.

- Tem uma coisa, na verdade, que eu pensei – ela disse.

- O que é?

- O anel no criado-mudo... o que foi usado para cortar o pescoço dela. Não fazia sentido estar ali. Jessie era maníaca por limpeza—por isso ela tinha uma diarista mesmo a casa sempre estando limpa. Eu nunca vi nenhuma joia dela fora do lugar.

Chloe assentiu, como se também tivesse pensado naquilo. O anel naquele lugar não servia só como um tipo de mensagem do assassino, mas também provava que o crime não tinha relação com a riqueza do casal ou com um assalto mal feito. O anel era caro e havia sido usado apenas como uma arma cruel. Mesmo que o assassino tivesse o pegado em suas mãos em algum momento, ele não tivera intenção de roubá-lo.

E aquilo dizia muito sobre o criminoso.

Agora, Chloe pensou, tudo o que eu preciso fazer é traduzir a mensagem do assassino.

CAPÍTULO SEIS

Passava pouco das cinco horas quando Chloe e Rhodes saíram do apartamento de Rosa. O local ficava a apenas quarenta e cinco minutos dirigindo da sede do FBI em Washington. Chloe considerava aquilo uma grande vantagem, já que eliminava a necessidade de passar a noite em um hotel. Por outro lado, era difícil decidir quando o dia de trabalho estava encerrado.

- Deveríamos ir até a biblioteca para checar o álibi de Rosa? – Rhodes perguntou enquanto Chloe ligava o carro.

- Pensei nisso, mas é domingo. Duvido que a biblioteca esteja aberta. Eu queria descobrir de onde veio aquele anel. Talvez descobrir quem foi a última pessoa a utilizá-lo. Se o marido nem lembra que aquele anel pertencia à esposa dele...

Rhodes abriu a boca para responder, mas o toque do celular de Chloe lhe interrompeu. Chloe atendeu imediatamente, esperando por uma luz no que vinha sendo uma tarde de domingo com poucos avanços no caso.

- Agente Fine falando – ela atendeu.

- Agente Fine, aqui é o Oficial Nolan. Achei que você fosse gostar de saber que eu consegui entrar em contato com Mark Fairchild, o marido. Ele vai vir aqui cerca de oito da noite. Ele e o irmão estão voltando para casa para organizar o funeral, a papelada do seguro, coisas desse tipo.

- E ele sabe que o FBI está no caso agora?

- Sabe. Pareceu feliz com isso e ansioso para conversar com vocês.

- Vejo você às nove, então – Chloe disse, finalizando a chamada exatamente como queria: com a esperança de poder contar com mais uma fonte de informações. Quando as informações vinham ao encontro dela ao invés de ter que caçá-las, os casos tendiam a ser mais rápidos e fáceis.

Chloe esperava que aquela tese se confirmasse.

***

Ficou claro desde o primeiro momento que Mark Fairchild não vinha dormindo bem. Apenas por sua aparência, Chloe poderia apostar que ele não estava conseguindo descansar desde que soubera da morte de sua esposa. Havia olheiras em volta de seus olhos—olhos que pareciam olhar para o nada em volta da sala de reuniões. O cabelo dele estava desarrumado e a barba começava a tomar conta de seu rosto.

Ainda assim, ele parecia de certa forma focado e determinado. Sentou-se um pouco encolhido em uma cadeira, segurando uma xícara de café que Nolan havia lhe dado, mas que não estava tomando. Seu irmão estava em pé, no canto da sala, parecendo tão cansado quanto, mas olhando com cuidado para seu familiar enlutado.

Chloe sabia que a conversa a seguir poderia ser difícil. Pessoas enlutadas, claramente cansadas e ainda lidando com a ideia da perda recente, podiam ser perigosas. Elas poderiam falar sem parar, geralmente repetindo histórias, ou perder o controle de suas emoções em poucos segundos. Então, Chloe sabia que precisava escolher suas perguntas com cuidado, dando ao marido da vítima a sensação de que ele estava no controle da situação.

- Senhor Fairchild, eu gostaria que você me falasse sobre a manhã de sexta. Com todos os detalhes possíveis, sem importar quão pequenos e sem importância eles possam parecer.

Mark assentiu, mas parecia claramente desconfortável.

- Tudo – ele disse, com um sorriso cansado e forçado. – Bom... meu alarme despertou me chamando para o trabalho. Eu apertei na ‘soneca’ e, nessa hora, Jessie se virou e me abraçou... meio que uma tradição que nós tínhamos desde o namoro. Era sexta-feira e a semana tinha sido boa para nós dois, então o abraço acabou em sexo. Ela gostava de sexo pela manhã, então isso era bem comum.

Chloe sentiu-se estranha ao ver a expressão dele demonstrar várias emoções enquanto ele se lembrava daquela manhã. Ela deu a Mark um momento de silêncio, para que ele tivesse certeza de que conseguiria continuar.

- Depois, eu fui para o banho enquanto ela respondeu alguns e-mails de trabalho. Eu saí do banho e ela estava escovando os dentes. Conversamos rapidamente. Enquanto eu me vestia para ir trabalhar, Jessie colocou sua roupa de corrida—a mesma que ela estava usando quando...

Ele parou ali, respirando fundo. Olhou para seu irmão, que lhe assentiu, encorajando-o. Mark retribuiu o gesto e recomeçou, com a voz um pouco trêmula.

- Nós descemos as escadas. Ela tomou uma vitamina, e eu uma xícara de café. Ela nunca tomava café antes de correr. Dizia que fazia mal para o estômago. Ela foi comigo até a porta, eu lembro disso. Ela geralmente fazia isso, só para me dar um beijo de despedida. Ela estava com o fone de ouvido, ouvindo um dos podcasts que sempre ouvia quando ia correr. Nos beijamos, eu entrei no carro, e foi isso. Foi a última vez que eu a vi viva.

- Que horas eram quando você saiu de casa? – Chloe perguntou.

- Não sei exatamente, mas era algo entre dez para as oito e oito e cinco, por aí. Não mais que isso.

- Então temos uma janela de três horas, três horas e meia – Rhodes disse.

- Senhor Fairchild, você e sua esposa já tinham feito amigos? Alguém que lhes visitou algumas vezes desde que vocês se mudaram?

- Não. Só conhecidos. Algumas pessoas nos visitaram, claro. Quando uma família nova chega nesse bairro, as pessoas trazem tortas, biscoitos, coisas assim, sabe? Mas acho que a única pessoa que chegou a colocar os pés na casa para algo além de um presente de boas-vindas foi a diarista. Ah, e o encanador. Tivemos um problema com o encanamento na primeira semana.

- Quero falar sobre o anel encontrado no criado-mudo – Chloe disse. – Pelo que sei, você não sabe se ele pertencia ou não a sua esposa.

- Isso mesmo. Não me parece familiar, mas não é tão incomum. Jessie não usava muitas joias... só a nossa aliança. Isso pode parecer bobo, porque o closet dela era cheio de joias. Mas Jessie meio que colecionava joias, assim como outras mulheres fazem com sapatos ou bolsas. Quando a mãe dela faleceu, seis ou sete anos atrás, Jessie ficou com todas as joias dela. Colares, anéis, esse brincos feios. Mas isso acendeu algo nela. Ela começou a colecionar esse tipo de coisa.

- Você sabe quantos anéis Jessie pegou da mãe dela?

- Não. Eu lembro que a maioria ficava no cofre. Eu sei que ela recebeu uma caixa pequena com alguns colares e anéis. Tinha pelo menos dez anéis naquela caixa.

- Então você diria que há uma boa chance de que o anel encontrado na cena seja um dos que ela pegou de sua mãe.

- Provavelmente. Mas esse é o ponto... ela deixava-os no closet. Quem fez isso...

Ele parou, como se a simples menção ao que tinha sido feito com o anel lhe congelasse. Mark respirou fundo e balançou a cabeça, determinado a continuar.

- Quem fez isso - ele continuou, - deveria saber onde procurar o anel.

- Ou simplesmente a pessoa teve sorte e descobriu onde as joias caras ficavam.

- Verdade – Mark disse.

- E a semana antes da sexta-feira... aconteceu algo diferente com sua mulher?

- Não. Eu já pensei nisso... tentei lembrar de algo. Mas eu juro... ela parecia estar muito bem.

- Nós soubemos que Jessie tinha começado a se envolver com grupos e organizações locais – Rhodes disse. – Você sabe que grupos são esses?

- Ela falava muito sobre a ‘Parceiros das Crianças’, essa ONG que junta dinheiro para crianças que não conseguem pagar pelas refeições na escola, coisas assim. Tinha outra... um clube no jardim, algo assim. Tenho certeza que sei onde ela anotava os nomes e números dessas pessoas, se vocês quiserem ver.

- Nós já temos uma cópia disso – Nolan disse.

Mark assentiu, virando os olhos.

- Certo. Eu juro... nesses últimos três dias, tudo parece estar borrado na minha mente.

- Tenho certeza que sim – Chloe disse. – Senhor Fairchild, obrigado pelo seu tempo. Por favor... vá para casa e descanse. E eu peço que você fique na cidade pelos próximos dias, caso seja preciso fazer mais algumas perguntas.

- Claro.

Mark levantou-se e respirou fundo ao sair da sala com seu irmão. Nolan os seguiu, fechando a porta.

- O que você acha? – Rhodes perguntou a Chloe quando elas ficaram sozinhas.

- Acho que mesmo que Mark Fairchild tivesse algo para dizer que nos ajudasse, ele provavelmente não se lembraria. Mas acho que ele está falando a verdade sobre aquela manhã. Ele ficou vermelho quando falou em sexo. E as pausas que ele fez... estava mesmo lutando contra as lágrimas.

- Sim, eu também percebi isso.

- Mesmo assim, a história parece interessante, não? Um novo casal de ricos chega na cidade. O marido tem um trabalho que lhes mantém nas classes mais altas. E eles viram alvo de alguém imediatamente... menos de cinco semanas depois da mudança.

- Você acha que eles estavam fugindo de algo? – Rhodes perguntou. – Você acha que eles podem ter vindo para Falls Church para escapar de algo em Boston?

- Pode ser. Eu quero saber o máximo possível sobre o trabalho dele. Talvez investigar as informações financeiras do casal e os registros criminais dos dois. Talvez até falar com o patrão do Mark, se for preciso.

- Acho que nós precisamos checar a seguradora, também – Rhodes disse. – Acho estranho que nenhum alarme tenha disparado. Me faz pensar que Jessie Fairchild deixou o assassino entrar.

Enquanto as duas pensavam em tudo aquilo, a porta da sala voltou a se abrir e Nolan entrou novamente. Ele parecia estar se sentindo mal por ter dividido a sala com um homem tão destruído emocionalmente.

- Nolan, o que nós sabemos sobre o trabalho do senhor Fairchild? – Chloe perguntou.

- Ele é um corretor financeiro padrão. Pelo que ele me disse, teve sorte em alguns negócios no começo da carreira. Isso fez com que alguns clientes de alto nível ficassem muito felizes com ele. Ele é muito humilde quando fala disso, mas nos disse que ganhou um pouco mais de seis milhões no ano passado.

- E os números continuam crescendo?

- Pelo que sabemos, sim. Não checamos as finanças deles profundamente ainda, nem o imposto de renda do ano passado. Dissemos a ele que talvez isso fosse preciso. Ele pareceu um pouco ofendido, mas nos deu sua permissão. Nos deu até alguns contatos do trabalho dele, caso nós precisássemos de ajuda.

- Então, em outras palavras, ele não está escondendo nada quando o assunto é dinheiro.

- Isso mesmo. Totalmente limpo, pelo que podemos ver. Mas eu provavelmente ainda vou entrar em contato com os números que ele nos passou, só para ter certeza.

- Também não vi nenhum registro criminal nos arquivos – Rhodes acrescentou.

- É. Nenhum dos dois tem registros criminais. Nada. Nem uma multa de trânsito.

Chloe olhou para a pasta com os arquivos sobre a mesma, a sua frente, e franziu a testa. Sim, o caso parecia estar muito distante das mortes por estrangulamento de um ano antes. Mas ainda assim, havia uma morte sem solução.

Ela olhou para a pasta, como se o objeto pudesse lhe trazer respostas. Basicamente, Chloe já havia memorizado o que havia ali dentro: a história do assassinato de Jessie Fairchild em forma de relatórios, anotações e fotos do crime.

E até então, aquela história parecia longe do fim.

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299 ₽
Возрастное ограничение:
0+
Дата выхода на Литрес:
15 апреля 2020
Объем:
211 стр. 3 иллюстрации
ISBN:
9781094303864
Правообладатель:
Lukeman Literary Management Ltd
Формат скачивания:
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