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CAPÍTULO SEIS

Jenn Roston estava e pulgas quando se virou para seguir os colegas. Caminhou atrás de Riley e Bill enquanto o Chefe Cullen os conduzia até aos veículos estacionados.

“Bull” Cullen, chama-se a si próprio, Lembrou-se com desdém.

Estava contente por ter duas pessoas entre ela e aquele homem.

Não parava de pensar…

Tentou demonstrar como se asfixiava alguém em mim!

Duvidava que estivesse à procura de uma desculpa para a apalpar. Mas não havia dúvida que estava à procura de uma oportunidade para mostrar controlo físico sobre ela. Já era suficientemente mau que tentasse mostrar de forma condescendente a asfixia e os seus efeitos nela – como se ela não o soubesse.

Pensou que ambos tinham tido sorte que Cullen não tivesse chegado a colocar-lhe o braço à volta do pescoço. Poderia não ter conseguido controlar-se. Apesar do homem ser ridiculamente musculado, o mais certo era não lhe ter dado hipótese. É claro que isso teria sido inconveniente numa cena de crime e não teria contribuído para promover as boas relações entre investigadores. Por isso Jenn estava satisfeita por as coisas não se terem descontrolado.

Para além de tudo, agora Cullen parecia estar aborrecido por Jenn e os colegas ainda não se irem embora para ele ficar com a glória da resolução do caso.

Azar, imbecil, Pensou Jenn.

O grupo entrou na carrinha da polícia com Cullen. O homem não disse nada enquanto conduzia até à esquadra e os companheiros do FBI também permaneceram calados. Calculou que eles, tal como ela, estavam a pensar na cena de crime aterradora e no comentário de Cullen sobre ter algo “desagradável para tratar” na esquadra.

Jenn odiava enigmas, talvez porque a Tia Cora era críptica e ameaçadora tão frequentemente nas suas tentativas de manipulação. E também odiava viver com a sensação de que algo no seu passado podia destruir a realização do seu sonho de se tornar numa agente do FBI.

Quando Cullen estacionou a carrinha em frente à esquadra, Jenn e os colegas saíram e seguiram-no até ao interior da mesma. Lá dentro, Cullen apresentou-os ao Chefe da Polícia de Barnwell, Lucas Powell, um homem de meia-idade com um queixo flácido.

“Venham comigo,” Disse Powell. “Tenho os homens aqui. O meu pessoal e eu não sabemos como lidar com este tipo de coisa.”

Homens? Perguntou-se Jenn.

E a que tipo de “coisa” se referia?

O Chefe Lucas Powell conduziu Jenn e os colegas, e Cullen até à sala de interrogatório da esquadra. Lá dentro estavam dois homens sentados na mesa, ambos usando coletes amarelos florescentes. Um era elegante e alto, um homem mais velho mas com um aspeto vigoroso. O outro tinha a altura de Jenn e não devia ser muito mais velho do que ela.

Estavam a beber café e a olhar para a mesa.

Powell apresentou primeiro o homem mais velho e depois o mais jovem.

“Este é Arlo Stine, o maquinista. E este é Everett Boynton, o ajudante. Quando o comboio parou, foram eles que encontraram o corpo.”

Os dois homens mal olhavam para o grupo.

Jenn engoliu em seco. Com certeza que estariam terrivelmente traumatizados.

Não havia dúvidas de que havia algo muito desagradável com que lidar ali.

Falar com aqueles homens não ia ser fácil. E para tornar tudo pior, não era provável que soubessem algo que os conduzisse ao assassino.

Riley sentou-se à mesa com os homens e falou num tom de voz suave.

“Lamento que tenham passado por isto. Como se estão a aguentar?”

O homem mais velho, o maquinista, encolheu os ombros ligeiramente.

“Vou ficar bem,” Disse ele. “Acredite ou não, já vi isto antes. Pessoas mortas nos carris, quero dizer. Vi corpos bem mais maltratados. Não que uma pessoa se habitue, mas…”

Stine acenou na direção do ajudante e acrescentou, “Mas aqui o Everett nunca tinha passado por isto antes.”

O homem mais jovem levantou a cabeça.

“Eu fico bem,” Disse ele com um aceno inseguro, obviamente tentando aparentar algo que não correspondia à realidade.

Riley disse, “Peço desculpa por perguntar isto – mas viram a vítima antes de…?”

Boynton estremeceu e não disse nada.

Stine disse, “Apenas um relance, mais nada. Estávamos ambos na cabine. Mas eu estava no rádio a fazer uma chamada de rotina para a próxima estação e Everett fazia cálculos para a curva que íamos fazer. Quando o engenheiro começou a travar e a apitar, olhámos e vimos… algo, não sabíamos ao certo o quê.”

Stine parou, depois acrescentou, “Mas sabíamos o que tinha acontecido quando caminhámos até ao local para ver.”

Jenn revia mentalmente alguma da pesquisa que tinha feito no voo. Ela sabia que a tripulação de um comboio de carga era pequena. Ainda assim, parecia faltar uma pessoa.

“Onde está o engenheiro?” Perguntou ela.

“Está numa cela.”

Jenn ficou estupefacta.

Mas que raio se estava a passar ali?

“Colocaram-no numa cela?” Perguntou ela.

Powell disse, “Não tivemos grande escolha.”

O maquinista acrescentou, “Pobre homem – não fala com ninguém. As únicas palavras que disse desde o sucedido foram ‘Prendam-me’. Não parava de o dizer.”

O chefe da polícia local disse, “Então foi o que acabámos por fazer. Parecia o melhor a fazer por agora.”

Jenn sentiu a fúria a apoderar-se dela.

Perguntou, “Não trouxeram um terapeuta para falar com ele?”

O chefe dos caminhos-de-fero disse, “Solicitámos que um psicólogo da empresa viesse de Chicago. São as regras do Sindicato. Não sabemos se vai aparecer.”

Riley estava alarmada.

“Com certeza que o engenheiro não se responsabiliza pelo que aconteceu,” Disse ela.

O maquinista pareceu surpreendido.

“É claro que que sim,” Disse ele. “Não foi culpa dele, mas não o consegue evitar. Era o homem que ia nos comandos. Foi quem se sentiu mais indefeso. Está a devorá-lo. Detesto que ele se tenha fechado desta fora. Tentei falar com ele, mas ele nem e olhava nos olhos. Não devíamos estar à espera que aparecesse um psiquiatra dos caminhos-de-ferro. Alguém devia estar a fazer alguma coisa agora. Um bom engenheiro como ele merece mais.”

Jenn estava no seu limite.

Disse a Cullen, “Bem, não podem deixá-lo naquela cela sozinho. Não quero saber se ele insiste que quer estar sozinho. Não é bom para ele. Alguém precisa de estar lá com ele.”

Todos na sala olharam para ela.

Jenn hesitou, depois disse, “Levem-me à cela. Quero vê-lo.”

Riley olhou para ela e disse, “Jenn, não sei se é boa ideia.”

Mas Jenn ignorou-a.

“Como é que ele se chama?” Perguntou Jenn aos maquinistas.

Boynton disse, “Brock Putna.”

“Levem-me a ele,” Insistiu Jenn. “Agora mesmo.”

O chefe Powell conduziu Jenn pelo corredor. Ao caminharem, Jenn questionou-se se Riley teria razão.

Talvez não seja uma boa ideia.

Afinal de contas, ela sabia que a empatia não era o seu forte enquanto agente. Ela tendia a ser brusca e franca, mesmo quando era necessário um toque mais suave. Era certo que não possuía a habilidade de Riley para demonstrar compaixão nos momentos apropriados. E se a própria Riley não se sentisse à altura da tarefa? Porque é que Jenn decidira agir?

Mas não conseguia parar de pensar…

Alguém tem que falar com ele.

Powell conduziu-a à fila de celas, todas co portas sólidas e janelas minúsculas.

Ele perguntou, “Quer que entre consigo?”

“Não,” Disse Jenn. “É melhor fazê-lo sozinha.”

Powell abriu a porta de uma das celas e Jenn entrou. Powell deixou a porta aberta mas afastou-se.

Um homem com trinta e poucos anos estava sentado à beira da cama, a olhar diretamente para a parede. Usava uma t-shirt normal e um boné de beisebol virado ao contrário.

À porta da cela, Jenn disse num tom de voz suave…

“Senhor Putnam? Brock? Chamo-me Jenn Roston e sou do FBI. Lamento muito o sucedido. Quer… conversar?”

Putnam não mostrou sequer ouvi-la.

Parecia especialmente determinado em não olhar para ela – nem para mais ninguém, Jenn tinha a certeza.

E pela pesquisa que fizera no voo, Jenn sabia exatamente porque é que ele se sentia daquela forma.

Ela engoliu com dificuldade ao sentir um nó de ansiedade formar-se na garganta.

Aquilo ia ser muito mais complicado do que ela imaginara.

CAPÍTULO SETE

Riley manteve desconfortavelmente o olho na porta depois de Jenn sair. Enquanto Bill fazia perguntas ao maquinista e ao ajudante, ela pensava e como Jenn se estaria a sair co o engenheiro.

Ela tinha a certeza que o homem estava a passar um mau bocado. Não lhe agradava a ideia de esperar muito mais tempo pelo psicólogo dos caminhos-de-ferro – possivelmente alguém subserviente mais preocupado com o bem-estar da empresa do que com o do engenheiro. Mas que mais podiam fazer?

E será que a jovem agente só iria dificultar as coisas ao homem? Riley nunca vira nenhum sinal de que Jenn fosse especialmente habilidosa em lidar com pessoas.

Se Jenn transtornasse ainda mais o homem, como é que isso afetaria a sua própria moral? Ela já colocara a hipótese de deixar o FBI devido às pressões de uma antiga mãe adotiva criminosa.

Apesar das suas preocupações, Riley conseguiu ouvir o que era dito na sala.

Bill disse a Stine, “Disse que já viu coisas semelhantes anteriormente. Refere-se a homicídios em linhas de comboio?”

“Oh, não,” Disse Stine. “Homicídios como este são muito raros. Mas há pessoas que morrem nas linhas – isso é muito mais comum do que possa pensar. Há várias centenas de vítimas por ano, algumas são apenas acidentes, mas muitos são suicídios. No nosso ramo chamamos-lhes ‘intrusos’”.

O homem mais jovem contorcia-se na cadeira desconfortavelmente e disse, “Não quero voltar a ver nada semelhante outra vez. Mas pelo que o Arlo me diz… bem, parece que é parte do trabalho.”

Bill disse ao maquinista, “Tem a certeza de que não havia nada que o engenheiro pudesse ter feito para evitar a tragédia?”

Arlo Stine abanou a cabeça.

“Certeza absoluta. Ele já tinha abrandado o comboio para trinta e cinco quilómetros por hora devido à curva. Mesmo assim, não havia forma de parar uma locomotiva a diesel com dez carruagens de carga de forma suficientemente rápida para salvar aquela mulher. Não é possível quebrar as leis da física e parar vários milhares de toneladas de aço em movimento num ápice. Deixe-me explicar-lhe…”

O maquinista começou a falar sobre a mecânica da travagem. Era conversa muito técnica e sem grande interesse para Riley ou Bill. Mas Riley sabia que o melhor era deixar Stine continuar a falar – para seu próprio bem.

Entretanto, Riley deu por si a olhar para a porta, questionando-se como é que Jenn se estaria a dar com o engenheiro.

*

Jenn ficou ao lado da cama olhando ansiosamente para as costas de Brock Putnam enquanto ele olhava silenciosamente para a parede.

Agora que estava na presença do homem, descobriu que não fazia ideia do que fazer ou dizer a seguir.

Mas pela pesquisa que fizera no avião, percebeu porque é que ele era incapaz de olhar para quem quer que fosse naquele momento. Estava traumatizado por um detalhe que frequentemente assombrava os engenheiros que tinham passado pelo que ele estava a passar.

Há alguns momentos, o maquinista dissera que ele e o seu ajudante apenas tinham avistado a vítima de relance antes de morrer.

Ele vira algo verdadeiramente horrífico da janela da cabina – algo que nenhum ser humano inocente merecia ver.

Ajudá-lo-ia dizê-lo em voz alta?

Não sou psiquiatra, Fez questão de lembrar a si própria.

Ainda assim, sentia-se cada vez mais ansiosa.

Devagar e cautelosamente, Jenn disse…

“Penso que sei o que viu,” Disse ela. “Pode falar comigo se quiser.”

Depois de uma pausa, ela acrescentou…

“Mas só se quiser.”

Seguiu-se um silêncio.

Parece que não quer, Pensou Jenn.

Quando se preparava para se ir embora, o homem disse num sussurro quase inaudível…

“Eu morri ali.”

Aquelas palavras arrepiaram Jenn.

Mais uma vez, interrogou-se se devia estar ali a fazer aquilo.

Não disse nada. Calculou que era melhor esperar e ver se o homem queria dizer mais alguma coisa. Ela esperou alguns minutos, quase esperando que o homem permanecesse calado para ela poder sair silenciosamente.

Então ele disse…

“Eu vi a acontecer. Eu estava a olhar… um espelho.”

Fez uma pausa e depois acrescentou…

“Vi-me a mim mesmo morrer. Por isso porquê… porque é que estou aqui?”

Jenn engoliu em seco.

Sim, o que lhe acontecera era o tipo de situação de que lera no avião. Centenas de pessoas morrem em linhas de caminho-de-ferro todos os anos. E com demasiada frequência, os engenheiros passam por um momento inimaginavelmente horrífico.

Eles olham nos olhos da pessoa que está prestes a morrer.

O que acontecera também a Brock Putnam. A razão pela qual não conseguia olhar para ninguém era porque o fazia reviver a situação outra vez. E a sua identificação com a pobre mulher corroía-o por dentro. Ele estava a tentar lidar com aquilo, negando que outra pessoa tivesse morrido. Estava a tentar convencer-se a si próprio de que ele – e apenas ele – estava morto.

Jenn falou ainda mais cautelosamente do que antes.

“Você não morreu. Não estava a olhar para um espelho. Outra pessoa morreu. E a culpa não foi sua. Não havia forma de evitar que aquilo acontecesse. Você sabe isso – mesmo que tenha dificuldade em aceitá-lo. A culpa não foi sua.”

O homem continuou a não encará-la. Mas libertou um soluço.

Jenn ficou momentaneamente alarmada. Será que o tinha levado ao limite?

Não, Pensou.

Tinha a sensação de que aquilo era bom, que era necessário.

Os ombros do homem começaram a estremecer ligeiramente enquanto continuava a chorar.

Jenn tocou-lhe no ombro.

Disse, “Brock, pode fazer-me um favor? Só quero que olhe para mim.”

Os seus ombros pararam de estremecer e o choro desvaneceu.

Então, muito lentamente, ele virou-se e olhou para Jenn.

Os seus olhos azuis e grandes transbordavam de lágrimas – e olhavam diretamente para os olhos de Jenn.

Jenn teve que conter as lágrimas.

De repente percebeu que nunca experimentara aquele tipo de interação com outra pessoa, pelo menos profissionalmente.

Engoliu em seco e disse, “Não está a olhar para um espelho agora. Está a olhar para mim. Está a olhar para os meus olhos. E está vivo. Tem todo o direito em estar vivo.”

Brock Putnam abriu a boca para falar, mas não conseguiu.

Em vez disso, abanou a cabeça.

Jenn ficou aliviada.

Consegui, Pensou. Trouxe-o de volta.

Depois ela disse, “Mas merece algo mais. Merece saber quem fez esta coisa terrível – não apenas àquela pobre mulher, mas a si. E merece justiça. Merece saber que ele nunca mais fará algo igual. Prometo – terá justiça. Vou certificar-me disso.”

Ele assentiu novamente com um ligeiro sorriso.

Ela sorriu e disse, “Agora vamos sair daqui. Tem ali dois colegas preocupados consigo. Vamos ter com eles.”

Ambos se levantaram da cama. Saíram da cela onde o Chefe Powell estava à espera. Powell ficou estupefacto com a mudança de comportamento de Putnam. Dirigiram-se à sala de interrogatório e entraram. Riley, Bill e Cullen ainda lá etavam, assim como os dois maquinistas.

Stine e Boynton ficaram espantados por um momento, depois levantaram-se e trocaram abraços emocionados com Brock Putnam. Todos se sentaram à mesa e começaram a conversar.

Jenn olhou para o chefe dos caminhos-de-ferro severamente e disse, “Faça o que tiver que fazer, mas traga aquele psicólogo dos caminhos-de-ferro para cá imediatamente.”

Então, virando-se para o chefe da polícia local disse, “Vá buscar um café para este homem.”

Powell anuiu e saiu da sala.

Riley perguntou a Jenn à parte, “Achas que vai conseguir voltar a trabalhar?”

Jenn pensou por um momento e disse, “Duvido.”

Riley assentiu e disse, “Provavelmente lutará com isto para o resto da vida. É horrível ter que viver com uma coisa destas.”

Riley sorriu e acrescentou, “Fizeste um excelente trabalho.”

Jenn sentiu-se agradecida pelo comentário de Riley.

Lembrou-se de como é que o seu dia tinha começado – como a sua comunicação com a Tia Cora a tinha deixado a sentir-se inadequada e indigna.

Talvez afinal tenha alguma utilidade, Pensou.

No final de contas, ela sempre soubera que a empatia era uma qualidade que lhe faltava e precisava de ser cultivada. E agora por fim, parecia ter dado alguns passos no sentido de se tornar numa agente mais empática.

Também se sentiu bem com a promessa que fizera a Brock Putnam:

“Prometo – vai ter justiça. Vou-me certificar disso.”

Estava satisfeita por tê-lo dito. Agora era estava empenhada nisso.

Não o vou desiludir, Pensou.

Entretanto, os dois maquinistas e o engenheiro continuavam a conversar tranquilamente, relembrando a horrível experiência por que tinham passado, mas que tinha sido especialmente terrível para Putnam.

De repente, a porta da sala abriu-se e o Chefe Powell olhou lá para dentro.

Disse a Cullen e aos agentes do FBI, “É melhor virem comigo. Acabou de aparecer uma testemunha.”

Jenn sentiu entusiasmo ao seguir Cullen pelo corredor.

Estariam prestes a obter as revelações que precisavam?

CAPÍTULO OITO

Enquanto Riley seguia Powell pelo corredor juntamente com os outros agentes do FBI e Bull Cullen, interrogou-se…

Uma testemunha? Será que vamos ter uma pista tão rapidamente?

Anos de experiência diziam-lhe que não era provável.

Ainda assim, não conseguia evitar esperar que desta vez fosse diferente. Seria fantástico resolver o caso antes que mais alguém fosse morto.

Quando o grupo chegou a uma pequena sala de reuniões, uma mulher robusta na casa dos cinquenta anos andava de um lado para o outro lá dentro. Usava maquilhagem pesada e o cabelo era de um louro pouco natural.

Apressou-se na sua direção. “Oh, isto é horrível,” Disse ela. “Eu vi a foto dela nas notícias há pouco e reconhecia-a de imediato. Que morte horrível. Mas tive um pressentimento a seu respeito – um mau pressentimento. Podem chamar de premonição.”

Riley ficou algo desiludida.

Geralmente não era um bom sinal quando uma testemunha começava a falar de “premonições”.

Bill conduziu a mulher a uma cadeira.

“Sente-se, minha senhora,” Disse ele. “Tenha calma e vamos começar do início. Como se chama?”

A mulher sentou-se, mas estava inquieta.

Bill sentou-se numa cadeira próxima, virando-se um pouco para falar com ela. Riley, Jenn e os outros também se sentaram na mesa da sala de reuniões.

“O seu nome?” Perguntou Bill novamente.

“Sarah Dillon,” Disse ela com um sorriso amplo. “Vivo aqui em Barnwell.”

Bill perguntou, “E coo é que conhecia a vítima?”

A mulher olhou para ele como se tivesse ficado surpreendida com a pergunta.

“Bem, eu não a conhecia. Trocámos algumas palavras numa ocasião.”

Bill perguntou, “Viu-a esta manhã – antes de ela ser morta?”

Sarah Dillon pareceu ainda mais surpreendida do que anteriormente.

“Não. Há várias semanas que não a via. Qual a relevância disso?”

Riley trocou olhares com Bill e Jenn. Ela sabia que todos estavam a pensar no mesmo.

Há várias semanas?

É claro que tinha importância.

Quando Powell dissera que surgira uma testemunha, Riley imaginara alguém que ou conhecia a vítima pessoalmente ou tinha visto algo relevante para o caso – o rapto, talvez. Ainda assim, ela sabia que tinham que seguir qualquer pista. Até agora, não tinham mais nada com que trabalhar.

Riley disse, “Fale-nos das suas interações com a vítima.”

Sarah Dillon coçou o queixo.

“Bem, via-a pela cidade. Quero dizer ocasionalmente. Em lojas, nas ruas. Também nas estações de comboios, tanto aqui como em Chicago. Eu apanho o comboio para Chicago todas as semanas para ver a minha irmã e a família. Via-a a entrar e a sair do comboio, tanto aqui como em Chicago. Por vezes, ficávamos na mesma carruagem.”

Os olhos de Sarah Dillon perderam-se por um momento.

Então ela perguntou quase sussurrando, “Pensam que posso estar em perigo?”

A cada minuto que passava a mulher parecia menos coerente a Riley. Ela não sabia como responder à sua pergunta. Porque é que a mulher pensava poder estar em perigo? Tinha alguma razão válida para se preocupar?

Riley duvidava. Por um lado, ela observara o cadáver na cena do crime e vira uma foto online da outra vítima. Ambas as mulheres eram de constituição leve e morenas. Os seus rostos eram parecidos. Se o assassino estivesse obcecado com um tipo de vítima em particular, esta mulher muito mais robusta não se enquadrava no perfil.

Riley perguntou, “Que informação é que tem?”

Sarah Dillon foi mais uma vez apanhada de surpresa.

“Informação? Bem, talvez não exatamente informação. Mas uma sensação forte – muito, muito forte. Havia algo de muito errado com aquela mulher. Já o sabia há algum tempo.”

“Como assim?” Perguntou Jenn.

“Uma vez, no comboio para Chicago, tentei entabular uma conversa com ela. Sabem, falar do tempo, do dia que tivera, da minha irmã em Chicago e a família. A princípio pareceu amigável, mas começou a distanciar-se quando lhe fiz perguntas sobre ela. Perguntei-lhe, ‘O que faz em Chicago?’ Ela disse que ia visitar a mãe que estava num lar.”

Sarah Dillon mexeu na sua mala nervosamente.

“Depois comecei a fazer-lhe perguntas sobre a mãe – como estava a saúde, há quanto tempo estava num lar, esse tipo de coisa. Começou a ficar defensiva e dali a minutos já não me falava. Pegou num livro e fingiu lê-lo, como se eu nem estivesse ali. Desde essa altura, sempre que a via no comboio, ela fazia a mesma coisa – agia como se não me conhecesse. Pensei que fosse malcriada, reservada. Mas agora… bem, tenho a certeza que era outra coisa.”

“O quê?” Perguntou Jenn.

A mulher soltou um grunhido de desaprovação.

“Bem, vocês é que são os polícias. Vocês é que devem saber. Mas ela escondia alguma coisa. Aposto que estava envolvida em alguma coisa ilegal. Qualquer coisa que provocou a sua morte. E agora…”

Estremeceu.

“Acham que estou em perigo?” Perguntou outra vez, olhando nervosamente à sua volta.

“Porque pensa que está?” Perguntou Bill.

“Bem, é óbvio, não é? Havia outras pessoas naquele comboio. Imensas pessoas. Ninguém é muito amigável nos dias que correm. E desde que falei com ela, notei que algumas delas olham para mim de forma estranha. Qualquer uma delas pode ser o assassino. Ela não me disse no que estava envolvida, não sei nada. Mas o assassino não sabe isso. Ele pode pensar que ela me contou alguma coisa – alguma coisa que não é suposto eu saber.”

Riley conteve um suspiro de impaciência.

Disse, “Duvido que esteja em algum perigo, senhora Dillon.”

A verdade era que Riley tinha a certeza. A mulher era paranoica, pura e simplesmente.

“Mas não sabe,” Disse a mulher com um tom de voz mais estridente. “Não pode ter a certeza. E eu tenho um pressentimento tão terrível. Têm que fazer alguma coisa. Têm que me proteger.”

O Chefe Powell levantou-se e deu-lhe uma palmadinha no ombro.

“Espere aqui um momento, minha senhora,” Disse ele. “Eu já volto.”

A mulher assentiu, depois sentou-se silenciosa. Parecia estar à beira de chorar.

O chefe da polícia regressou rapidamente com um polícia à paisana.

Disse à mulher, “Este é o agente Ring. Ele vai vigiá-la durante algum tempo. Agora, devia ir para casa. O agente Ring vai assegurar-se de que lá chega em segurança.”

A mulher soltou um suspiro de alívio. Levantou-se da cadeira e saiu da sala com o polícia, olhando alegremente para ele enquanto lhe segurava a porta.

Bill abanou a cabeça e disse ao chefe Powell, “O que é que vai fazer? Dar-lhe proteção permanente? Porque isso seria um desperdício de tempo e de recursos.”

Powell riu-se.

“Não se preocupem,” Disse ele. “Landry Ring tem um efeito calmante sobre as pessoas. Foi por isso que o escolhi para a levar a casa. Quando lá chegarem, aposto que o Landry já a convenceu de que não está em perigo nenhum.”

“Isto foi mesmo uma perda de tempo,” Disse Jenn.

Talvez, Pensou Riley.

Mas ficou uma sensação estranha sobre o que a “testemunha” tinha acabado de dizer…

“Havia algo de muito estranho com aquela mulher.”

… e…

“Ela escondia alguma coisa.”

Riley pressentiu que Sarah Dillon poderia não estar completamente enganada.

Perguntou a Powell e Cullen, “Reese Fisher tinha parentes a viver aqui em Barnwellll?”

Powell disse, “Apenas o marido, Chase. Um quiroprático local.”

“E ele já foi entrevistado?”

“Claro,” Disse Bull Cullen. “O chefe Powell e eu falámos com ele. Tem um álibi sólido – estava no seu escritório na manhã em que aconteceu.”

“Quero falar novamente com ele,” Disse Riley.

Cullen e Powell olharam um para o outro surpreendidos.

Powell disse, “Não sei de que adiantará. Ele está bastante abalado com isto.”

Riley não tinha a certeza do que esperava descobrir. Mas se Reese Fisher escondia algum segredo, o marido podia ser a pessoa certa para o revelar.

“Quero vê-lo,” Insistiu Riley. “Imediatamente.”

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599 ₽
Возрастное ограничение:
16+
Дата выхода на Литрес:
10 октября 2019
Объем:
242 стр. 4 иллюстрации
ISBN:
9781640298408
Правообладатель:
Lukeman Literary Management Ltd
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