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CAPÍTULO QUATRO

Riley não pode deixar de se perguntar...

Ele está bravo comigo ou algo do tipo?

O Agente Crivaro mal falou com ela no caminho de Quantico até o aeroporto Reagan.

Mas por que?

Ela sabia que Crivaro podia ser grosso, impaciente e até ficar nervoso sempre que ela cometia erros ou desobedecia ordens—o que infelizmente acontecia bastante. Mas o que ela poderia ter feito de errado durante o pouco tempo em que eles estavam juntos naquela manhã?

Crivaro havia apenas saído às pressas com Riley da sede da UAC, sem muitas explicações, sem dar tempo nem para que ela telefonasse a sós para Ryan. Claro, agora Ryan estava bravo com ela, e Riley sabia que ele tinha motivos para estar assim.

Mas qual poderia ser o problema com o Agente Crivaro?

Talvez não tenha nada a ver comigo, pensou, esperançosa.

Talvez algum problema pessoal esteja lhe irritando.

Mesmo assim, Riley não achava que seria uma boa ideia perguntar.

Ela decidiu ficar em silêncio no carro, tentando focar nas coisas mais incríveis daquele dia—ela era uma agente do FBI, estava em um caso, e como parceira de um dos agentes mais respeitados na UAC.

Quando os dois chegaram ao aeroporto, Crivaro apressou-se em direção ao balcão de check-in. Riley precisou praticamente correr para segui-lo até o portão.

Já sem ar pela correria pelo aeroporto, eles chegaram a tempo da última chamada para o voo. Riley lembrou-se de Crivaro olhando para seu relógio quando ela chegara na sala dele, e dizendo...

“Chegou em cima da hora.”

Agora, Riley entendia porque Crivaro estivera tão preocupado com a hora.

Se eles tivessem chegado alguns minutos mais tarde, teriam perdido o voo. Ela desejou que Jake tivesse explicado tudo ao invés de apenas fazer com que ela o seguisse, sem perguntas.

Crivaro já havia dito a ela que tinha problemas em trabalhar com parceiros. Então, agora que ela era a parceira dele, e não só uma estagiária, o que aquilo significaria?

Riley lembrou a si mesma de que Crivaro provavelmente tinha planejado aquela viagem às pressas. Certamente, ele também tinha ficado sabendo de tudo na última hora.

Deve ser algo muito urgente, ela pensou, sentindo uma onda de animação.

Depois do embarque, Crivaro sentou-se na poltrona da janela e olhou através dela durante a decolagem. Ao lado dele, Riley ainda estava tentando descobrir o que ele tinha em mente e por que eles estavam com tanta pressa. Quando o avião entrou em voo de cruzeiro, Crivaro inclinou seu banco um pouco para trás e seguiu olhando pela janela. A luz em seu rosto revelou algumas linhas, criadas durante anos e anos de trabalho em casos complicados.

Riley teve certeza de que aquele caso, fosse o que fosse, a faria aprender muito sobre comportamento criminal. Ao trabalhar com Crivaro em outras oportunidades, ela tinha sido retirada de qualquer que fosse sua rotina—faculdade, estágio, Academia. Agora que estava, de fato, designada para aquele trabalho, teria mais tempo para entender o que estava acontecendo.

Mas quando ela descobriria o que estava acontecendo? Com certeza, Riley tinha mais direito de saber das coisas agora.

Por fim, criou coragem para perguntar a Crivaro:

- Ok, você vai me falar algo sobre o caso em que vamos trabalhar?

Crivaro mordeu os lábios. Ele parecia não saber qual a resposta para aquela pergunta.

Então, disse:

- Possivelmente—e essa é só uma possibilidade—temos um assassino em série para pegar.

Riley pensou ter detectado mais do que desconfiança em sua voz, como se ele não acreditasse em suas próprias palavras.

Crivaro fez uma pausa, então continuou:

- Cerca de um ano atrás, o corpo de uma jovem foi encontrado em uma trilha em Dyson Park, no Colorado. Ontem, o corpo de outra mulher foi encontrado em outra trilha, no Arizona. Ela morreu sob... bem, sob circunstâncias similares. Vamos até o Arizona descobrir se existe mesmo alguma ligação aí.

Crivaro olhou pela janela novamente, como se não tivesse mais nada a dizer.

- Tem algo a mais? – Riley perguntou.

- Não – Crivaro disse, ainda olhando pela janela.

Riley sentiu-se confusa. Aquele era seu primeiro dia de trabalho, mas ela sabia muito bem que Crivaro provavelmente sabia mais do que estava dizendo. Na verdade, ele deveria ter uma pasta cheia de arquivos para que eles pudessem analisar. Os dois deveriam estar estudando esses arquivos em pleno voo.

Riley perguntou:

- Quais os nomes das vítimas?

Crivaro encolheu levemente os ombros.

- Não lembro o nome da vítima do Colorado. Ninguém me disse o nome da vítima do Arizona.

Riley não pode acreditar no que escutou.

Como assim ninguém disse para ele?

Como assim ele não se lembra?

Ele estava guardando segredos, ou...?

Os olhos de Riley se arregalaram quando ela percebeu o que estava acontecendo.

Ela disse:

- Esse não é um caso oficial da UAC, é?

Crivaro respondeu, um pouco irritado:

- Não importa.

Riley sentiu uma pontada de raiva. Ela disse:

- Eu acho que importa, sim, Agente Crivaro. Hoje é meu primeiro dia como agente da UAC. O que eu estou fazendo aqui? Acho que eu tenho direito de saber mais do que você está me contando.

Crivaro balançou a cabeça e virou os olhos.

- Riley Sweeney, um dia esses seus instintos ainda vão te trazer problemas sérios.

Então, ele virou-se para ela. Com a voz baixa, começou a explicar.

- Olhe, mais cedo, hoje, recebi uma ligação de um velho amigo. Harry Carnes é o nome dele. Ele era tira em Los Angeles, e nós trabalhamos em um caso juntos. Ele se aposentou e se mudou para o Colorado. Um ano atrás uma mulher foi morta perto de onde ele morava—a primeira das duas mulheres que eu mencionei. Ele tentou ajudar a polícia local, mas eles não solucionaram o caso.

- E? – Riley perguntou.

- E então que Harry e sua esposa estão viajando pelo sudoeste nesse inverno, e ele ficou sabendo desse assassinato no Arizona. Ele acha que pode haver uma conexão com o que aconteceu no Colorado. Então ele me ligou para que eu verificasse essa situação.

Riley estava se sentindo mais confusa a cada segundo.

- Assassinatos idênticos – ela disse. – Então por que esse não é um caso para o FBI?

Crivaro balançou a cabeça e respondeu:

- Eu não utilizei os meios oficiais. Não me parece que o FBI vá querer se envolver em algo assim. Eu nem sei quão idênticos os casos são, e alguns detalhes não são tão incomuns assim. Na verdade eu suspeito que não haja conexão nenhuma entre os dois crimes.

Riley apertou os olhos na direção de Crivaro e disse:

- Então você está me dizendo que nós estamos indo para o Arizona só para fazer um favor para um velho amigo seu.

- Isso – Crivaro disse.

Riley sentiu dificuldades em entender o sentido do que estava ouvindo. Ela perguntou:

- Por que você está me levando junto?

- Você é minha parceira – Crivaro disse.

- Mas esse nem é um caso de verdade!

Crivaro encolheu os ombros.

- Nós não temos certeza disso. Talvez vamos descobrir que Harry está certo e que os dois crimes estão ligados, e aí teremos um assassino em série para caçar. Se for assim, isso vai acabar se tornando um caso para a UAC. E você não gostaria de ficar fora disso, gostaria? Enfim, eu acho... bem, eu achei que essa poderia ser uma boa chance para que nós dois, sabe, nos acostumássemos a trabalhar juntos.

Riley quase deixou escapar seu pensamento em voz alta...

Nós já trabalhamos juntos em três casos de assassinato!

Mas rapidamente, ela lembrou a si mesma que houvera muito atrito entre os dois nos casos anteriores. E ela nem era oficialmente uma agente até então.

Talvez o Agente Crivaro estivesse certo.

Talvez eles precisavam mesmo de algum tempo para se acostumarem a trabalhar juntos em seus novos papeis. Mas um caso não-oficial e que talvez nem desse em nada seria a melhor maneira de fazer isso?

Riley perguntou:

- Quem está pagando por essa viagem, afinal?

- Eu mesmo, ok? – Crivaro respondeu, irritado. – Óbvio que eu serei reembolsado caso isso venha a se tornar um caso de verdade.

Riley disse:

- Então você está me dizendo o que? Que nós estamos meio que tirando férias juntos?

Crivaro riu de um jeito estranho.

- Ei, o clima no Arizona nessa época do ano com certeza é melhor do que em Virginia. Mas não precisa me agradecer por isso.

- Não acho graça nisso – Riley disse, tentando não demonstrar toda sua irritação. – Você poderia pelo menos ter me contado desde o início essa história toda.

Crivaro se defendeu, dizendo:

- Bom, eu estava com um pouco de pressa. E você não teria nada para fazer em Quantico se eu estivesse fora. Você vai estar comigo, pelo menos tentando resolver algo. Nós estaremos sim investigando algo lá. Pode ser uma boa experiência de aprendizado para você. Qual o problema?

- Vou te dizer qual é o problema – Riley disse. – Eu tenho um noivo em casa que está puto da cara porque eu viajei de repente. Você acha que ele vai gostar de saber que eu nem sequer estou em um caso real?

Crivado suspirou, sentindo-se culpado.

- Você vai contar isso para ele?

Riley assustou-se. Ela nem havia considerado a possibilidade de não contar a Ryan sobre todas suas atividades enquanto estivesse longe dele.

- Claro – ela disse.

- Desculpe por isso – Crivaro respondeu. – Acho que você está certa, eu deveria ter te contado antes.

- Sim, eu também acho.

Crivaro olhou para Riley, um pouco mais simpático dessa vez, e disse:

- Olhe, se você quiser sair dessa história toda, eu vou entender. Quando chegarmos a Phoenix, você pode pegar o primeiro voo de volta, se quiser. Eu pago sua passagem. É isso o que você quer?

Riley assustou-se com a oferta, e não soube o que responder.

Eu devo aceitar? Perguntou-se.

Por um instante, a escolha parecia óbvia. Crivaro não tinha direito de arrastá-la pelo país para uma tarefa possivelmente inútil. E voltar para casa imediatamente seria uma boa maneira de fazer as pazes com Ryan—principalmente se ela tivesse mais um ou dois dias de folga antes de realmente começar a trabalhar em Quantico. Poderia ser exatamente o que ela e Ryan precisavam.

Mas então, Riley rapidamente lembrou-se da raiva na voz de Ryan quando ele a perguntara, pelo telefone...

“E o meu carro? Quanto tempo eu vou ter que ficar sem ele?”

Ela franziu a testa, irritada.

A porra do carro, pensou.

Estar longe do carro importava mais para Ryan do que ficar longe de Riley.

E aquilo a irritava demais.

De repente, Riley não sentiu-se mais querendo fazer as pazes com Ryan. E sobre a parceria com Crivaro...

Bom, pelo menos ele está interessado em me ajudar.

Além disso, Crivaro estava certo sobre algo. Eles com certeza fariam uma investigação, mesmo que fosse para descobrir que não havia nada para ser investigado. Poderia ser uma boa experiência, no fim. Ela poderia aprender algo.

Por fim, Riley disse:

- Tudo bem. Vou ficar com você.

Os olhos de Crivaro brilharam.

- Tem certeza? – ele perguntou.

Riley sorriu e respondeu:

- Eu te digo se mudar de ideia.

Crivaro retribuiu o sorriso.

- Bom, minha oferta está de pé, se você quiser ficar longe de mim. Pelo menos no que diz respeito a essa viagem. Quando começarmos a trabalhar oficialmente juntos em outros casos, você vai ficar presa a mim.

- Não vou esquecer disso – Riley disse.

Crivaro encostou-se em sua poltrona e fechou os olhos, aparentemente prestes a tirar a um cochilo.

Riley pegou uma revista da poltrona da frente e começou a folheá-la.

Encontrou-se refletindo sobre o que havia feito.

Escolhi o trabalho ao invés de Ryan.

E para sua surpresa, a decisão a fez sentir-se bem.

O que isso diz sobre mim? Perguntou-se. E sobre o nosso futuro?

Então, sua mente começou a especular sobre o presente.

Arizona.

Ela não sabia nada sobre aquele lugar.

Riley passara a maior parte de sua vinda nas montanhas verdes da Virginia. O que aquela parte tão diferente do país estaria guardando para ela?

CAPÍTULO CINCO

Quando o avião pousou em Phoenix, Riley e Crivaro pegaram suas mochilas do compartimento acima das poltronas e caminharam pela ponte de embarque até o terminal. Cerca de vinte pessoas estavam esperando pelos passageiros do voo, mas foi fácil perceber quem estava lá para encontrá-los.

Um sujeito de aparência robusta e rosto avermelhado estava acenando fervorosamente para Crivaro. Riley sabia que ele só podia ser Harry Carnes. A mulher igualmente robusta parada ao lado dele com os braços cruzados e a testa franzida devia ser a mulher de Harry, e não parecia feliz naquele momento.

O homem recebeu Crivaro com um abraço forte, e Jake apresentou Riley ao casal. O nome da esposa era Jillian. Riley imaginou que eles tivessem a idade de Crivaro, ou talvez apenas alguns anos a mais.

Por um instante, ela surpreendeu-se ao ver os dois usando camisetas, shorts jeans e sandálias. Riley e Crivaro ainda estavam com jaquetas e roupas para um inverno gelado.

- Bagagens? – Harry perguntou.

- Não, só as mochilas – Jake respondeu, segurando a sua.

Harry riu e disse:

- Bom, acho que você vai ter que se preocupar com isso em breve.

Riley lembrou-se do que Crivaro havia dito durante o voo.

“O clima no Arizona nessa época do ano é bem melhor do que em Virginia.”

Ela definitivamente não estava preparada para o clima lá. Eles haviam saído com tanta pressa, que Riley não tivera sequer tempo de pensar nas roupas que levara. Perguntou-se se precisaria comprar algo novo. Seu orçamento com certeza não cobriria muitas peças.

Talvez nem seja preciso, ela pensou. Se eles voltassem para Quantico logo, provavelmente as roupas de sua mochila seriam suficientes.

Harry guiou-os até a praça de alimentação mais próxima, onde todos sentaram-se a uma mesa e pediram sanduíches para almoçar.

Crivaro disse a Harry:

- Estou aqui. Agora me conte tudo o que você sabe.

Harry encolheu os ombros.

- Eu não sei muito mais do que te contei pelo telefone. A mulher foi encontrada morta ontem em uma trilha perto de Tunsboro, uma cidade ao norte daqui. O nome dela era Brett Parma. Quando soube disso pelos jornais, fiquei curioso e liguei para o comandante da polícia de Tunsboro. Tive dificuldades para fazer ele falar, mas consegui tirar algumas informações. Ele mencionou alguns cortes nos braços da mulher—e também disse que ela sangrou até morrer antes que seu corpo fosse jogado na trilha. Depois, ele basicamente me disse para ficar longe da investigação dele.

- O que é exatamente o que nós vamos fazer – Jillian comentou.

Harry inclinou-se sobre a mesa, em direção a Crivaro:

- Jake, eu senti algo muito estranho com isso tudo. Foi como se o assassinato de Erin Gibney, de um ano atrás, estivesse acontecendo de novo. Comecei a ter flashes de como eu tentei ajudar a polícia de Gladwin a solucionar o caso, e de como nós não conseguimos.

Harry baixou os olhos e sussurrou:

- Nós não chegamos nem perto de descobrir quem era o assassino.

Jillian suspirou, infeliz, e disse a Crivaro:

- Harry se sente culpado por isso. Ele diz que se tivesse solucionado o caso no Colorado, talvez esse outro crime não teria acontecido. Claro que isso é ridículo. Jake, você pode explicar isso para ele? Dizer que não faz sentido ele estar se sentindo assim.

Crivaro olhou para Harry, tentando parecer simpático. Ele disse:

- Jillian está certa. Você não pode se culpar por isso. Mesmo se houver uma ligação entre esses dois crimes—

Harry interrompeu:

- Jake, existe uma ligação. Eu tenho certeza.

Riley pode ver a expressão de desconfiança no rosto de Crivaro.

- Harry, eu já trabalhei em mais casos de homicídio do que você – Crivaro disse. – Eu sei o que é se sentir responsável por uma morte, o que é não conseguir pegar o assassino. Mas você não pode deixar isso te atingir. – Jake colocou uma mão no ombro do amigo. – Você não matou ninguém, Harry. Você não é responsável por isso. Não é sua culpa. Você está escutando o que eu estou dizendo?

Harry suspirou profundamente, então disse a Jake e Riley:

- Olhem, eu fui policial tempo o suficiente para saber disso. Nós nunca solucionamos tudo. Mas eu também trabalhei tempo o suficiente para saber que meu instinto geralmente está certo. Isso, esse último crime, está mexendo demais comigo.

Ele colocou o sanduíche pela metade de volta no prato e o empurrou.

- Estou feliz por vocês terem vindo até aqui investigar isso – ele continuou. – Isso me faz sentir muito melhor. Terminem seus sanduíches e vou levar vocês até Tunsboro.

Jillian cutucou o marido no braço e disse, quase sussurrando:

- Espere aí, Harry. Você não vai levar ninguém a lugar nenhum. Temos que voltar para o camping.

Harry olhou para sua mulher, como se pedisse desculpas.

- Calma, amor – ele sussurrou. – Não estamos com tanta pressa. E Tunsboro não fica tão longe daqui.

- Eles podem alugar um carro – Jillian disse. – Lembre-se, nós temos um acordo.

Harry parecia envergonhado. Riley imaginou o que estaria acontecendo entre eles. Ela viu que Crivaro parecia não saber o que dizer.

Por fim, Jillian olhou para Jake e disse:

- Harry não vai se meter nisso—seja lá o que for isso. Ele está aposentado. Está de férias. Não quero ele todo preocupado por conta da morte de Erin Gibney de novo. Ele sofreu com isso por meses. Achei que tudo já tinha ficado para trás.

Harry assentiu, relutante, e disse a Riley e Crivaro, com um sorriso tímido:

- Bem, vocês ouviram o que ela disse. Minha coleira é apertada. Eu queria poder ajudar vocês, mas é isso. Temos uma programação. Vamos para o sul, na Festa Nacional de Coronado hoje. Temos uma reserva no camping Riggs Flat.

- E não vamos cancelar – Jillian acrescentou. – De jeito nenhum.

Harry apertou a mão dela e disse:

- Claro que não, amor. Mas temos tempo suficiente para levar esses dois até a delegacia de Tunsboro. Depois podemos voltar ao camping e pegar nossas coisas. É o mínimo que podemos fazer por eles, depois deles terem viajado até aqui.

Jillian olhou para Harry com uma expressão dura.

- Tudo bem—se você prometer que não vai mudar de ideia no caminho.

Harry levantou a mão direita de um jeito estranho.

- Prometo – ele disse, e beijou sua esposa rapidamente.

Jillian sorriu e pareceu tranquila. Ela apontou o dedo para Crivaro e disse:

- E você não tente fazer ele mudar de ideia!

- Eu jamais faria isso – Crivaro disse, rindo.

O casal parecia muito mais relaxado agora. Harry até pegou seu sanduíche novamente e, enquanto todos seguiam comendo, conversou sobre assuntos banais com Riley e Crivaro. De vez em quando, Jillian acrescentava detalhes ou o corrigia.

Harry e Jillian haviam recém se tornado avós, e sua filha mais nova estava prestes a se casar. Como sempre, naquela época do ano, o clima no Colorado estava frio demais para o gosto dos dois. Então, assim como quase sempre faziam no inverno, o casal havia pego sua cabana e dirigido até o sudoeste, onde o clima era mais ameno, e estava dormindo de camping em camping.

Harry mostrou a Riley e Crivaro, orgulhoso, uma foto de seu trailer—um veículo grande e branco. O homem chamou o carro de “sua casa longe de casa”.

Enquanto a conversa continuava, Riley percebeu uma expressão melancólica no rosto de Crivaro.

Ela se perguntou...

Será que Crivaro tem inveja da vida deles?

Mais uma vez, Riley deu-se conta de que Crivaro e Harry pareciam ter quase a mesma idade. Ela nunca havia imaginado Crivaro aposentado. Teria ele pensado em aposentadoria alguma vez?

Aquilo faria algum sentido para ele?

Mesmo havendo muita coisa que Riley não sabia sobre seu mentor, ela sabia que ele era divorciado e tinha um filho com o qual não tinha uma boa relação.

A vida de Crivaro era muito diferente da de Harry e Jillian, com sua família unida e feliz. Se ele tinha netos, nunca havia falando deles para Riley. Ele havia dito que sua ex-mulher tinha um segundo casamento feliz, que seu filho era corretor de imóveis, e que...

“Eles são perfeitamente normais, pessoas comuns.”

Com uma risada sarcástica, Crivaro adicionara:

“Acho que não consigo ser normal.”

Mais uma vez, Riley deu-se conta de que Crivaro era um homem muito solitário.

Se o trabalho era a única coisa que dava sentido a sua vida, se ele sentia falta de algo, naturalmente aquele casal aposentado, perfeitamente normal e feliz, poderia despertar a melancolia nele.

Seria a solidão um dos motivos pelos quais Crivaro havia levado Riley para aquela viagem tão peculiar?

Já houvera momentos em que Riley sentira que Crivaro era mais como uma pai para ela do que aquele ex-integrante da Marinha que morava sozinho nas montanhas. Pelo menos, ele às vezes lhe elogiava por fazer algo certo, o que já era mais do que seu pai fizera a vida inteira.

Riley imaginou...

Será que ele já pensou em mim como filha?

Todos terminaram de comer e seguiram para o estacionamento. Riley ficou aliviada ao ver que o clima estava agradável. Morno, mas não tão quente, nem úmido. Talvez as roupas que ela trouxera fossem servir, ao final da contas.

Ela esperava ver o trailer inteiro, o mesmo das fotos, mas eles chegaram a um caminhão comum.

- Onde está o trailer? – Crivaro perguntou.

- Por isso nosso trailer é tão bom – Jillian respondeu. – Podemos desencaixar a casa e deixá-la no camping quando queremos dirigir só a... a outra parte. Não é nada chique, mas muito prático.

Crivaro e Harry subiram nos lugares da frente, enquanto Riley e Jillian sentaram-se nos bancos de trás.

Enquanto saía do aeroporto com o veículo, Harry conversou sobre outros assuntos banais com Crivaro—sobre os caminhos que eles haviam feito desde o Colorado, onde pretendiam ir depois, que lugares visitavam a cada inverno e até mesmo onde havia bons restaurantes no caminho. Para Riley, parecia que ele tinha um estoque sem fim de assuntos triviais para conversar. Crivaro, porém, parecia estar escutando cada detalhe, sem aparentar nenhum sinal de tédio.

Riley parou de prestar atenção na conversa. Ficou feliz ao ver que Jillian, sentada a seu lado, não pretendia iniciar outra conversa qualquer no banco de trás.

Mas então, Riley imaginou se deveria dizer algo a Jillian, apenas para parecer educada.

Quando Harry entrou na rodovia com direção ao norte, Jillian disse:

- Vi que você está noiva.

Riley surpreendeu-se, mas rapidamente percebeu que Jillian estava olhando para seu anel de noivado.

Ela sorriu e disse:

- Sim, sou.

Jillian mostrou um meio-sorriso e perguntou:

- O casamento já tem data?

Riley engoliu em seco ao ouvir a pergunta.

- Ah, ainda não.

A verdade é que ela e Ryan não faziam ideia de quando seria o casamento. Às vezes, parecia que a ideia de se casar não passava de uma fantasia.

- Bem – Jillian disse, - te desejo toda felicidade.

Jillian então virou sua cabeça e olhou pela janela.

“Te desejo toda felicidade.”

Jillian e seu marido certamente pareciam ter encontrado a felicidade. Mas Riley sentia que a felicidade deles tinha sido difícil de conquistar, e que o trabalho de Harry na polícia não havia facilitado as coisas para eles.

Riley encontrou-se pensando em seu próprio futuro.

O que o destino lhe reservava?

Ela e Ryan haviam tido momentos incríveis juntos. Mas Riley temia que a felicidade seria difícil de conquistar para os dois também.

Ela teria um dia uma aposentadoria feliz com alguém que amava?

Ou acabaria sozinha como o Agente Crivaro?

Riley olhou pela janela. A paisagem lá fora era diferente de tudo o que ela já tinha visto, a não ser em alguma fotos. Com exceção dos terrenos onde haviam galpões e plantações, aquele lugar parecia sem vida para ela.

Em algum lugar, em uma paisagem deserta como aquela, uma jovem mulher havia sido brutalmente assassinada. Teria sido o mesmo monstro assassino de antes?

Se sim, Riley e Crivaro precisavam por um fim naqueles crimes de uma vez por todas.

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299 ₽
Возрастное ограничение:
0+
Дата выхода на Литрес:
15 апреля 2020
Объем:
221 стр. 3 иллюстрации
ISBN:
9781094304595
Правообладатель:
Lukeman Literary Management Ltd
Формат скачивания:
epub, fb2, fb3, ios.epub, mobi, pdf, txt, zip

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